sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Luis Nassif: "A geopolítica do pré-sal"

Último Segundo
20/08/2009

A geopolítica do pré-sal

Luis Nassif
Coluna Econômica
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/08/20/a-geopolitica-do-pre-sal/

Na montagem da regulação do pré-sal, um dos ângulos relevantes abordados foi o geopolítico. Qual o papel que o Brasil desempenhará no mundo nas próximas décadas e quais os pontos que terão que ser desde já observados para não comprometer sua função.

Incumbido de desenhar o projeto, um dos aspectos que mais chamou a atenção do Grupo de Trabalho foi a ferocidade chinesa, atrás de empresas e de reservas de matérias primas. Em uma licitação recente, a Petrobras ofereceu US$ 700 milhões de bônus para participar; os chineses cobriram com um lance de US$ 1,3 bi.

A recente compra da argentina Repsol comprovou que se se abrisse o pré-sal para licitações simples, os chineses acabariam levando todos os campos.

Um dos eixos de consenso foi, portanto, assegurar controle sobre o processo de extração e sobre as externalidades (os ganhos indiretos) – como o de adequar o ritmo de desenvolvimento dos poços à capacidade de fornecimento de equipamentos da indústria nacional.

Outro ponto relevante é sobre a maneira como serão aplicados os recursos advindos da exploração. Haverá duas fontes principais de recursos. A primeira serão as antecipações de bônus – uma espécie de “entrada” que cada empresa vencedora terá que pagar adiantado. Depois, os recursos da exploração.

Na Noruega a regra adotada foi de não mexer no principal e investir apenas os rendimentos. Por aqui não se adotará essa política. A ideia é utilizar os bônus desde o início para grandes obras de infra-estrutura e também investimentos no exterior – para fugir da doença holandesa, de super-apreciação do real.

Nos próximos dias, o governo estará enviando três projetos de lei ao Congresso: um sobre as regras de partilha na exploração; outro sobre a nova empresa a ser criada; e o terceiro criando e regulamentando o fundo de exploração.

Um dos pontos mais controvertidos da exploração é a questão dos royalties – que hoje são pagos a municípios onde se situam as reservas petrolíferas. Por enquanto não se vai mexer na questão, para não atrapalhar a tramitação dos demais PLs.

As críticas contra o modelo partiram especialmente dos que defendiam um modelo puramente privativista em que o único papel do governo fosse arrecadar recursos com os leilões. Sempre é citado o modelo norueguês – no qual uma empresa estatal apenas gerencia projetos tocados por empresas privadas.

Uma das ressalvas é que a Noruega é o único país que adota esse modelo. Em todos os casos de grandes reservas a serem exploradas, a incumbência é dada a uma empresa estatal – a fim de que a maior parte dos ganhos fique no país.

Um segundo ponto, é que o modelo norueguês tem o chamado “dedo do rei”. Ou seja, o rei pode intervir em qualquer parte do processo, definir a empresa que bem entender, inclusive atropelando os procedimentos adotados.

Como a Petrobras será o grande agente da exploração, um dos pontos relevantes será sua estrutura de capital. Há alguns modelos em discussão. Aparentemente já se chegou a um consenso sobre o modelo a ser adotado. Mas, por enquanto, está sendo guardado a sete chaves.
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/08/20/a-geopolitica-do-pre-sal/

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Moniz Bandeira: Unasul não convém aos EUA

Terça, 18 de agosto de 2009 

Moniz Bandeira: Unasul não convém aos EUA

Claudio Leal



O cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira, um dos principais especialistas na história da diplomacia brasileira, analisa que "o objetivo da ampliação das bases (dos EUA) na Colômbia é restringir a projeção do poder político e militar do Brasil, frustrando iniciativas como a Unasul e o Conselho Sul-Americano de Defesa." 

Em entrevista a Terra Magazine, o professor titular de história política exterior do Brasil, na Universidade de Brasília, argumenta que o desenvolvimento dessas organizações multilaterais não interessa aos EUA:
- Essas instituições, que dão à América do Sul uma identidade própria, não convém aos Estados Unidos (...) A presença dos Estados Unidos sempre foi um fator de desestabilização em todas as regiões do mundo e seu objetivo com a ampliação das bases na Colômbia é fomentar um cisma e impedir a integração econômica e política da América do Sul.

Autor de Fórmula para o caos: a derrubada de Salvador Allende, 1970-1973, Moniz Bandeira comenta a liberação de documentos inéditos pelo Departamento de Estado dos EUA. Entre as revelações, uma conversa entre os presidentes Emílio Garrastazú Médici e Richard Nixon, no Salão Oval da Casa Branca, em 9 de dezembro de 1971. O ditador Médici afirmou que o Brasil "estava trabalhando" pela derrubada do governo do chileno Salvador Allende. Para Moniz Bandeira, a íntegra da conversa "não surpreende".
- Colaboração realmente houve (entre Brasil e CIA), mas todo o processo de desestabilização do governo do presidente Salvador Allende foi financiado e conduzido pela CIA e pelos serviços de inteligência militar da Marinha e do Exército dos Estados Unidos. A participação do Brasil foi importante, mas secundária. Não foi fundamental. 

Leia a entrevista:


Terra Magazine - A conversa entre os presidentes Richard Nixon e Emílio Garrastazu Médici, em 1971, exposta em papéis liberados pelo Departamento de Estado dos EUA, modifica com intensidade os relatos já existentes sobre o papel do Brasil no golpe militar chileno?
Moniz Bandeira
- A revelação do memorandum da conversa entre o general Emílio Garrastazú Médici e o presidente Richard Nixon não surpreende. Era perfeitamente imaginável que os dois chefes de governo conversaram sobre o assunto, quando Médici visitou os Estados Unidos. E conversaram não apenas sobre o Chile, como sobre o Uruguai, onde o Brasil, segundo o próprio Nixon revelou ao primeiro-ministro da Grã-Bretanha, ajudou a fraudar a eleição para evitar a vitória da Frente Ampla. Tudo isto está em meu livro Fórmula para o caos - A derrubada de Salvador Allende, lançado no ano passado, simultaneamente, no Brasil e no Chile (e este ano em Portugal). 

Médici afirmou que o Brasil "estava trabalhando" pela sublevação das Forças Armadas do Chile. Como se deu esse entendimento com militares chilenos?
Os entendimentos foram efetuados através dos serviços de inteligência do Brasil, aos quais Médici encarregou a tarefa de ajudar a articulação do golpe, naturalmente em contacto com a CIA. O embaixador de Brasil no Chile, Antonio Cándido da Cámara Canto, era um homem de extrema direita e adversário do governo de Salvador Allende, mas o general Garrastazú Médici deixou a cargo dos militares a missão de articular com os militares chilenos e os dirigentes de Patria e Libertad, com a assistência da CIA, os planos para o golpe. Eduardo Díaz Herrera, dirigente de Patria y Libertad desenvolveu um plano que envolvia o Serviço Nacional de Informações (SNI) e os serviços de inteligência do Exército, Marinha e Aeronáutica do Brasil. Ele e Manuel Fuentes estiverem em Brasília e lá se reuniram com altos oficiais das Forças Armadas, entre os quais o general João Batista Figueiredo, chefe da Casa Militar da Presidência e o coronel Venceslau Malta. De acordo com o plano elaborado, se ocorresse uma cisão nas Forças Armadas, se o golpe não fosse institucional, as unidades militares insurgentes e as Brigadas Operativas y Fuerzas Especiales (BOFE) de Patria y Libertad, ocupariam as províncias do sul de Chile, apoiadas secretamente pelo Brasil e Argentina, cujas Forças Armadas lhes dariam assistência logística e o armamento necessário. Sobre isto escrevi em Fórmula para o caos com base na documentação brasileira. 

Qual o nível de colaboração entre a ditadura brasileira e a CIA, na deposição de Salvador Allende?
Colaboração realmente houve, mas todo o processo de desestabilização do governo do presidente Salvador Allende foi financiado e conduzido pela CIA e pelos serviços de inteligência militar da Marinha e do Exército dos Estados Unidos. A participação do Brasil foi importante, mas secundária. Não foi fundamental. 

Como o senhor avalia a política brasileira de liberação de documentos sobre a ditadura militar? Quais são os pontos que devem ser priorizados?
Os documentos do SNI, que não foram incinerados nos anos 1980, estão disponíveis para a pesquisa no Arquivo Nacional, seção regional de Brasília. Também os do CIEX. Mas os arquivos do CIE, CENIMAR e CISA, as Forças Armadas relutam em entregar ao Arquivo Nacional, não obstante a determinação decretada pelo presidente Lula. 

BASES AMERICANAS NA COLÔMBIA

A ampliação das instalações militares americanas em território colombiano oferecem quais riscos para a segurança continental?
O objetivo da ampliação das bases na Colômbia é restringir a projeção do poder político e militar do Brasil, frustrando iniciativas como a Unasul e o Conselho Sul-Americano de Defesa. Essas instituições, que dão à América do Sul uma identidade própria, não convém aos Estados Unidos. Não se trata de risco para a segurança continental. A presença dos Estados Unidos sempre foi um fator de desestabilização em todas as regiões do mundo e seu objetivo com a ampliação das bases na Colômbia é fomentar um cisma e impedir a integração econômica e política da América do Sul. A ampliação das bases na Colômbia foi decerto planejada juntamente com a restauração da IV Frota no Atlântico Sul, visando a fortalecer a presença dos Estados Unidos na região e assegurar o controle de seus recursos naturais, como, por exemplo, a água e o petróleo.
Os EUA e a Colômbia caminham para um acordo bilateral. Isso será um erro diplomático do presidente Barack Obama na região?
A ampliação das bases na Colômbia não constitui uma iniciativa do presidente Barack Obama. Ele enfrenta séria oposição interna e não controla todo o aparelho de governo. Não tem muitas condições de reverter a influência do complexo industrial-militar. Atualmente quem pauta a política exterior dos Estados Unidos não é propriamente o Departamento de Estado, mas o Departamento de Defesa, o Pentágono. A militarização da política exterior dos Estados Unidos, formalizada com a criação dos comandos militares, para as diversas regiões, inclusive a América Latina (USSouthern Command), tomou impulso com os atentados de 11 de setembro de 2001. Esses comandos atuam como consulados do Império Americano. 

Caso se concretize a ampliação da presença militar americana, o Brasil deve reformular sua política para a Amazônia?
Não há o que reformular na política para a Amazônia como conseqüência da ampliação das bases americanas na Colômbia. Há muitos anos militares dos Estados Unidos trabalham não só na Colômbia como nos demais países limítrofes da Amazônia. E as Forças Armadas estão conscientes da ameaça, ainda que pareça remota. Todos os anos elas realizam operações de treinamento, tendo como primeira hipótese de guerra o enfrentamento com uma potência tecnologicamente superior no teatro de guerra da Amazônia. 

Terra Magazine









segunda-feira, 10 de agosto de 2009

FAO: África pode alimentar o mundo

 MSIA
 03 July, 2009 


FAO: África pode alimentar o mundo 

Geraldo Luís Lino 


O velho fantasma malthusiano da escassez de alimentos para uma população mundial que caminha para os 10 bilhões de pessoas, o qual tem sido constantemente retirado da tumba na qual deveria descansar para sempre, pode ser afugentado apenas com a incorporação em grande escala da África à produção agropecuária mundial. A confirmação de tal perspectiva, já conhecida por especialistas mas pouco ressaltada, vem de dois estudos recém-divulgados pela Organização das Nações Unidas para os Alimentos e a Agricultura (FAO).
 
Os dois estudos, efetuados pela FAO em conjunto com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Banco Mundial, representam mais uma cabal refutação dos cenários pessimistas de "limitação de recursos" que vêm sendo brandidos por instituições neomalthusianas como o Clube de Roma desde a década de 1970, posteriormente reforçados pelo catastrofismo ambientalista, cuja ponta de lança atual é o suposto aquecimento global provocado pelo uso de combustíveis fósseis. O primeiro, o relatório OECD-FAO Agricultural Outlook 2009-2018 (Panorama agrícola 2009-2018), está disponível no sítio da OCDE; o segundo, intitulado Awakening Africa's Sleeping Giant - Prospects for Commercial Agriculture in the Guinea Savannah Zone and Beyond (Despertando o gigante adormecido da África - Perspectivas para a agricultura comercial na zona da Savana da Guiné e além), foi anunciado em um boletim de imprensa da FAO, em 22 de junho.

O planeta tem atualmente 1,4 bilhão de hectares de terras dedicadas à produção agropecuária e pode acrescentar outro 1,6 bilhão de hectares, a maior parte na África e América Latina. Na África, a vasta região de savanas que se estende do Senegal à África do Sul, a chamada Savana da Guiné, abarcando 25 países, tem um potencial agricultável de 400 milhões de hectares, dos quais apenas 10% encontram-se atualmente aproveitados. O potencial de aproveitamento da área pode ser vislumbrado pela semelhança dos solos da região com os do Cerrado brasileiro e do Nordeste da Tailândia. Em ambos os países, sucessivos governos criaram as condições para o crescimento da produção naquelas áreas, como ressalta o estudo "Despertando o gigante"

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Geopolítca da atual Crise Financeira Mundial

UFRGS TV

Crise Financeira Mundial

Programa Multiponto

http://geopoliticadopetroleo.wordpress.com/2009/08/06/geopolitca-da-atual-crise-financeira-mundial/




Programa produzido pela UFRGSTV, apresentado em duas partes na UNITV (Canal 15 da NET em Porto Alegre-RS), nos dias 09/07/2009 e 23/07/2009.

Sinopse: Programa Multiponto entrevista profissionais das áreas de economia, política, relações internacionais, história, saúde e meio ambiente para discutir diferentes aspectos da atual crise mundial.

 
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Disponível no YouTube em 6 partes, postadas em 05 e 06 de agosto de 2009:
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Multiponto - Crise Financeira Mundial
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Multiponto - Crise Financeira Mundial [2/6]


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Multiponto - Crise Financeira Mundial
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Multiponto - Crise Financeira Mundial [4/6]


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Multiponto - Crise Financeira Mundial [5/6]


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Multiponto - Crise Financeira Mundial [6/6]



Do Blog Geopolítica do Petróleo