quarta-feira, 29 de junho de 2011

Atual "política" indigenista resulta em 513% de aumento da mortalidade infantil de indígenas e maior índice de suicídios do mundo

A "política indigenista" da FUNAI, que prega o isolamento dos indígenas a qualquer custo, está resultando em um custo bastante elevado em vidas humanas: a mortalidade infantil aumentou 513% entre os indígenas  (ver postagem da notícia abaixo). A taxa de mortalidade infantil e a mortalidade geral entre os os indígenas no Brasil sempre foi muito elevada, porque a FUNAI defende a política de evitar o contato com essas comunidades, para supostamente "protegê-las" da influência da cultura "branca".

O resultado é muitos grupos de indígenas não têm direito de escolher o que querem, especialmente quando querem se integrar e ter acesso à tecnologias modernas. O acesso às tecnologias poderia muito bem ser decidido por eles mesmo, que tenham acesso às tecnologias que quiserem, que possam integrar tais tecnologias como quiserem à sua própria cultura, mas não, nem mesmo na área de saúde e medicina o acesso às tecnologias modernas tem sido liberado. Tudo para evitar um suposto "etnocídio" ou o risco do que os antropólogos da Funai e muitas ONGS "indigenistas" chamam de "contaminação cultural". Na prática é uma verdadeira política de "isolamento a qualquer custo". O resultado é o aumento da mortalidade entre os indígenas a um custo insustentável de vidas humanas. Ou seja, em nome do conservacionismo cultural, aceitamos um verdadeiro genocídio lento e gradual. Em algumas comunidades indígenas a mortalidade infantil atingiu 60% no último ano, o que equivaleria a 600 por mil, o que seria o pior índice do mundo, caso fosse um país. Apenas a título de comparação, os dois piores índices de mortalidade infantil do mundo são os de Serra Leoa e do Afeganistão, países historicamente pobres e em guerra civil ou guerras de ocupação que já duram algumas décadas, estão situados na faixa de 150 mortes por mil, no 1o ano de vida.


Além disso temos uma situação igualmente trágica resultante da altíssima taxa de suicídios entre a população indígena jovem, que se fosse somada separadamente do restante dos índices nacionais, atingiria a média de 20 suicídios a cada 100 mil índios (média dos suicídios registrados pelo SIM e pela FUNAI), o que é bastante preocupante, por significa 4 vezes a média nacional e se aproxima de países como Rússia e Lituânia que têm os índices mais elevados de suicídio do mundo. Considerando a população indígena do estado do Amazonas (83.966 indígenas), teríamos a taxa de 32,2 suicídios por 100 mil indígenas, o que representa uma taxa mais elevada do que qualquer média de qualquer país do mundo. No estado do Mato Grosso do Sul (32.519 indígenas), a taxa representa os impressionantes 166,1suicídios registrados para cada 100 mil indígenas (ver reportagem completa em http://www.estadao.com.br/noticias/geral,taxa-de-suicidio-no-brasil-sobe-17-em-10-anos-puxada-por-indigenas,684055,0.htm ).
A tentativa de antropólogos "brancos" em explicar tal fenômeno como parte da cultura indígena chega a ser aterradora, pois implica dizer que devemos aceitar a continuidade de tal mortandade. A maior parte destes "especialistas" prefere ignorar solenemente a miséria em que vivem a maior parte das comunidades indígenas como a causa mais provável destes problemas.
Vale lembrar que no subsolo de muitas terras terras indígenas estão riquezas minerais incomensuráveis, mas que os indígenas são proibidos de explorar ou de receber os royalties da exploração desses minerais caso quisessem vender os direitos de exploração a terceiros. A Funai alega que a proibição é para preservar a cultura indígena, mas a miséria em que muitas comunidades vivem faz com que estes povos acabem facilmente assediados por garimpeiros ilegais.
Como podemos aceitar que meia dúzia de funcionários da Funai e ONGs indigenistas decidam pelos índios o que é melhor para eles? Com esta taxa de mortalidade infantil e com este índice de suicídio, parece difícil acreditar que a atual política de "isolamento" dos indígenas possa ser considerada bem sucedida em proteger os povos indígenas no Brasil. Resta saber se os índios também acreditam que mantê-los na miséria e no isolamento é realmente a melhor forma de "preservar" a cultura que possuem... Tudo indica que se pudessem decidir sobre seu próprio futuro e sobre suas próprias terras, esta situação não teria chegado onde chegou.

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Sul 21

29/06/2011

Mortalidade infantil entre indígenas aumentou 513%, aponta relatório


 
Da Redação

Será lançado nesta quinta-feira (29) o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – 2010 que mapeia as condições de violência e violações de direitos humanos enfrentados pela população indígena. Somente em 2010, 92 crianças morreram por falta de cuidados médicos, o que representa um aumento de 513% se comparado a 2009, quando foram contabilizadas 15 vítimas. Entre os casos, um triste destaque para a situação desoladora do povo Xavante de Mato Grosso, que perdeu 60 crianças das 100 nascidas vivas. Todas vítimas de desnutrição, doenças respiratórias e doenças infecciosas.

Em todo o país, pelo terceiro ano consecutivo, o número de assassinatos registrado chega a 60 casos. A maioria ocorreu no Mato Grosso do Sul, com 34 casos, o que representa 56% do total. O estado registra a segunda maior população indígena do país, com mais de 53 mil pessoas. “Algumas ocorrências aumentam, outras diminuem ou permanecem iguais, mas o cenário é o mesmo e os fatores de violência se mantém, reproduzindo os mesmos problemas”, afirma a doutora em Antropologia, Lúcia Helena Rangel, coordenadora da pesquisa.

Outro dado alarmante são os 33 casos de violência contra o patrimônio que evidenciam a situação conflituosa decorrente do modelo desenvolvimentista adotado pelo país, sobretudo pela falta de acesso à terra. “Mais uma vez é preciso afirmar que o pano de fundo das violências cometidas contra os povos indígenas, bem como a violação de seus direitos, é o desrespeito à demarcação de suas terras”, declara Lúcia. Além disso, 60 indígenas foram assassinados, outros 152 ameaçados de morte.

A metodologia de pesquisa empregada é a mesma utilizada nos anos anteriores: toma-se como fonte a imprensa escrita e virtual, rádios e veículos alternativos das mais diferentes cidades, bem como os registros sistemáticos efetuados pelas equipes do Cimi espalhadas pelos 11 regionais da entidade. Além disso, as informações provêm de relatórios policiais e do Ministério Público Federal. De acordo com Lúcia, os registros reproduzidos não esgotam todas as ocorrências acontecidas, mas indicam a tendência e as características dos ataques e ameaças que pesam sobre essa população.

Serviço
A publicação será lançada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) nesta quinta-feira (29) na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), às 15h. Na solenidade de lançamento está confirmada a presença do secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, da coordenadora da pesquisa, Lúcia Helena Rangel, do presidente e vice-presidente do Cimi, dom Erwin Kräutler e Roberto Antônio Liebgott, respectivamente, do conselho da entidade, e do colaborador Egydio Schwade, que durante muitos anos atuou junto ao povo Waimiri-Atroari, no Amazonas.

Com informações da Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

http://sul21.com.br/jornal/2011/06/mortalidade-infantil-entre-indigenas-aumentou-513/

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24 de fevereiro de 2011 

Taxa de suicídio no Brasil sobe 17% em 10 anos, puxada por indígenas

Municípios com taxas exagerademente elavadas tem uma coisa em comum: assentamentos índigenas

Lisandra Paraguassu, Ligia Formenti e Rafael Moraes Moura 
BRASÍLIA - Embora o Brasil não tenha tradição ou cultura suicida, o Mapa da Violência/2011, divulgado nesta quinta pelo Instituto Sangari e o Ministério da Justiça, revela que, das três causas de mortalidade violenta, os suicídios foram os que mais cresceram na década de 1998-2008: 17% tanto para a população total quanto para a jovem (com idade entre 15 e 24 anos). As outras duas causas de morte violenta são os homicídios e os acidentes de transporte.

O Mapa revela uma característica especial entre os municípios com índices exageradamente elevados de suicídios: vários deles são sedes de assentamentos de comunidades indígenas. É o caso de Amambaí e Paranhos, no Mato Grosso do Sul, que encabeçam a lista de suicídios na população total, ou de Dourados, também no Mato Grosso do Sul, e Tabatinga, no Amazonas, que encabeçam a lista de suicídios juvenis.

Segundo o estudo, "o nível de suicídios do Brasil, em termos internacionais, pode ser considerado relativamente baixo." Com taxa de total de 4,9 suicídios em 100 mil habitantes, o país ocupa a 73ª posição entre os 100 países pesquisados. Mas na faixa de idade entre 15 e 24 anos a taxa é de 5,1 suicídios para cada 100 mil jovens. Essa taxa faz o Brasil subir para a 60ª posição, uma situação intermediária.

Há outra característica preocupante no Brasil. Os suicídios juvenis são menos frequentes, no mundo, que os suicídios adultos. No Brasil acontece o contrário. O estudo comparou os dados com 100 países pesquisados e mostra que em 70 deles as taxas de suicídio totais são iguais ou maiores que as juvenis.

Índios. Sobre a população indígena não jovem e jovem, o Mapa da Violência/2011 faz este relato mais detalhado. "Estimativas realizadas a partir de dados de população da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do número de suicídios indígenas registrados pela SIM/MS, a taxa nacional de suicídios indígenas seria de 20 para cada 100 mil índios (quatro vezes a média nacional)", afirma o relatório.

"Se essa é a média nacional, a população indígena encontra-se distribuída de forma muito desigual no território. Tomando só os dois estados que registram 81% dos suicídios indígenas - Mato Grosso do Sul e Amazonas -, teríamos, pelos dados de população indígena da Funai, que o Amazonas apresenta uma taxa de 32,2 suicídios para cada 100 mil indígenas (seis vezes a média nacional) e Mato Grosso do Sul, de 166 suicídios por cada 100 mil indígenas (mais de 34 vezes a média nacional). Essas estimativas se referem à população total.".

E conclui: "Tomando especificamente a população indígena jovem, teríamos para o Amazonas uma taxa de 101 suicidas para 100 mil jovens e de 446 para Mato Grosso do Sul, índices que não têm comparação nem no contexto internacional, entre os países com taxas de suicídio consideradas trágicas. Não resta dúvida de que, neste campo, deveríamos ter condições de formular, de forma rápida e emergencial, políticas e estratégias em condições de enfrentar esse flagelo".

 

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Advivo

sex, 13/05/2011

O suicídio entre indígenas

Questão indígena: o suicídio pelo jejuvy

Por Lilian Milena, do brasilianas.org

A taxa de suicídio entre indígenas é quatro vezes superior à média nacional, segundo o Mapa da Violência 2011 - Jovens do Brasil, que utiliza dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

No contexto mundial, o Brasil é um país com baixo índice de suicídio (4,9 suicidas em 100 mil habitantes). Ainda assim, houve um aumento expressivo de 33,5% no total de pessoas que tiraram a própria vida entre os anos de 1998 e 2008, período em que o registro de óbitos nessa categoria passou de 6.985 para 9.328. p>

O autor do trabalho, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, chama atenção para municípios onde a taxa fica acima de 30 suicídios em 100 mil casos, marca de países que lideram a lista no nível internacional, como Lituânia e Rússia.

Os locais que encabeçam a lista de mortalidade suicida são de assentamento de comunidades indígenas, como Amambaí, Paranhos, Doutrados, cidades do Mato Grosso do Sul, e Tabatinga, no Amazonas.

“No ano de 2008, foram registrados pelo SIM exatamente 100 suicídios indígenas. Isso já daria uma taxa nacional de 20 suicídios a cada 100 mil índios, igual a quatro vezes a média nacional (4,9 suicídios em 100 mil)”, destaca Waiselfisz, levando em consideração dados da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) que indicam uma população atual de 400 mil índios residindo em aldeias no país, correspondentes a 0,25% da população nacional.

Mato Grosso do Sul e Amazônia concentraram, em 2009, 81% do total nacional dos 92 suicídios indígenas registrados no ano. Como no mesmo período o estado do Amazonas contava com 83.966 indígenas, isso equivale a uma taxa específica para essa população de 32,2 em 100 mil. No Mato Grosso do Sul, que contava com 32.519 indígenas, a taxa representa 166,1 para cada 100 mil índios.

Os Guarani

O antropólogo Paulo Santilli, professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e ex-coordenador Geral de Identificação e Delimitação da FUNAI, destaca que o Mato Grosso do Sul é uma região onde se concentram os índios da etnia guarani, a primeira a ter contado com os colonizadores europeus, no século XVI.

Segundo o especialista, o crescimento expressivo de suicídio entre os guarani, no Estado, especificamente, tem a ver com a cosmologia desse povo que concebe a própria humanidade proveniente de um cataclisma e na eminência de ocorrer um novo cataclisma.

“Essa visão de mundo somada à forma violenta como foram e estão sendo privados de suas terras, e em condição estrema de penúria, exploração, violência, degradação ambiental, tem levado à falta de sentido da própria vida, especialmente dos jovens”, explica. A taxa de suicídios entre indígenas é predominantemente juvenil (15-24 anos).

Os guarani compõem a maior parte da população originária do país, contabilizados em 50 mil. Na época do descobrimento, estima-se que 4 milhões de pessoas dessa etnia viviam no território nacional. Hoje a mesma população se encontra nos Estados do Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo e em áreas fronteiriças com o Uruguai, Argentina e Paraguai.

O especialista em etnologia indígena, violência e uso de bebidas alcoólicas entre grupos originários Kaingang (interior de São Paulo), Krahô (norte do Tocantins) e Maxakali (divisa de Minas Gerais com Bahia), Rodrigo Barbosa Ribeiro, confirma que os dados de suicídios indígenas apontados pelo livro Mapa da Violência 2011 indicam a falta de perspectiva futura vivida por jovens índios.

“Estamos acostumados a pensar que o Estado de Direito resolve todas as situações, ou pelo menos problematiza a maior parte delas, mas não somos acostumados a pensar o que é ser uma minoria étnica, o que é ter perdido a sua autonomia política perante uma instituição que lhe é completamente estrangeira, e ter que lidar com isso ano após ano, século após século, como é o caso dos guarani”, explica.

Justificativas para o suicídio

Barbosa Ribeiro conta que presenciou a marginalização de índios por parte de todas as populações vizinhas às tribos. Constatou também o consumo exagerado de álcool em todas as aldeias onde trabalhou – o uso dessa bebida pode ser considerado uma forma de se refugiar das condições de vida que enfrentam hoje, e não porque o índio tem propensão ao alcoolismo.

O relatório “A morte por jejuvy entre os Guarani do sudoeste brasileiro”, do antropólogo Miguel Vicente Foti, publicado na Revista de Estudos e Pesquisas da FUNAI, em dezembro de 2004, destaca que 40% dos índios que tiraram suas vidas na região de estudo estavam alcoolizados no momento em que se mataram, e 56% deles realizavam o consumo regular de bebidas alcoólicas.

O autor do trabalho diz que a situação de confinamento de todas as tribos guarani resulta em condições individuais de desespero que podem culminar com a retirada da própria vida.

Atualmente grupos de guaranis vivem em dezoito aldeias nas oito reservas delimitadas pela FUNAI no Mato Grosso do Sul. Segundo Foti, o confinamento de tribos aumentou com a expansão das cidades de Dourados e Amambaí, no período militar.

“A floreta praticamente desapareceu dessa porção do Mato Grosso do Sul, o que se vê predominar é uma terra arrasada: vastidões tomadas pela soja e pela pecuária extensiva, espaços degradados e áreas urbanas precárias”, constata. Os índios sobrevivem da agricultura familiar, trabalho nas fazendas ou empregos diretos em organizações indigenistas, de forma precária, completa o pesquisador.

Foti destaca, no entanto, que os guarani manifestam forte interesse em absorver o poder da técnica civilizada. Barbosa Ribeiro identificou o mesmo nas tribos onde trabalhou.

“Eles não são inaptos, pelo contrário, se fascinam pela nossa tecnologia e muitas vezes têm habilidade de manejá-las”, conta.

O professor defende que além melhorar as condições de acesso à terra, deve-se discutir, junto com as populações indígenas, novas alternativas econômicas, respeitando as decisões do grupo, mas sem impor o modelo do homem branco. Entretanto, não existe nenhum trabalho realizado nesse sentido, preocupado em discutir a fundo as causas do drama indígena e sob o ponto de vista indígena.

Foti, em seu artigo, confirma essa condição. Aponta que faltam alternativas ocupacionais culturalmente ajustadas e que não há interesse preciso de discutir com a própria comunidade qual seria a melhor saída e, ainda, que a principal alternativa para melhorar as condições de vida dessa população é viabilizar as aldeias em áreas mais abrangentes, de forma a manter a integridade dos povos.

Depressão

O alto índice de suicídio na região é explicado pelo fenômeno jejuvy, palavra de origem guarani dos povos kaiowa e nhandewa (sub-etnias) e que pode ser traduzida por enforcamento.

Nas entrevistas, realizadas por Foti com essas populações, é possível relacionar o ato do jejuvy aos sintomas da depressão, isso porque o suicídio foi interpretado nessas comunidades como a culminação de uma série de doenças: tremores (oryryi, osusu), ataques com perdas dos sentidos (hajyjeapa) e doenças psicológicas, descritas como estados de espírito intensificados: medo, teimosia, raiva, desassossego e desgosto.

Segundo o pesquisador, o modo como o território foi tirado dessas populações, a perda de memória e da qualidade de vida que tinham, representam as maiores ameaças que já conheceram.

“É quase impossível qualificar o clima de desespero quando o assunto é esse, contrastando com a imagem de um Guarani típico, que raramente perde a serenidade. ''Por que isto está acontecendo conosco'' parece ser a pergunta que fica no ar. Segundo um entrevistado, após uma avaliação sagaz de causas e conseqüências, perder-se do tekoha [aldeia] "é pior do que desaparecer". Não é raro o discurso apocalíptico. Certa feita, um Guarani considerado mestiço (filho de pai branco e criado em fazenda), chorou cerca de meia hora diante de nosso gravador, dizendo apenas "ajuda nós"”.


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03 de agosto de 2008

AM: crianças indígenas têm na pele sinais da miséria

A pele dos pequenos índios cheia de piodermites, infecções cutâneas causadas pelas bactérias Streptococos e Staphilococos, evidencia um dos principais problemas de saúde da população de uma comunidade de 1,2 mil ianomâmis em Maturacá (AM), próxima ao pico da Neblina e distante 14 km da fronteira com a Venezuela. Segundo o aspirante a tenente do 5° Pelotão Especial de Fronteira, Rafael Gurgel, os problemas mais comuns são os relacinados à miséria em que vivem: as piodermites, disenteria, verminoses, malária e pneumonia".
 

Lonsowe ianomamis aldeia maturacá amazônia farinha mandioca. Foto: Hermano Freitas/Redação Terra
Líder indígena lamenta situação de aldeia e defende exploração da Amazonia
Foto: Hermano Freitas/Redação Terra

Morador da única residência de alvenaria da aldeia Ariabu, Júlio Goes Pinto, ou Lonsowe, é líder e coordenador da venda de artesanato local. Pai de três filhos, o índio lamenta as más condições da localidade. A base da alimentação local é a mandioca, tanto na forma de farinha como cozida. Sofrendo os problemas de saúde decorrentes da desnutrição, a aldeia reflete o atraso em que vive a etnia.

O índio tem no nome o significado de sua atuação à frente dos seus: Lonsowe significa "voz da selva". Ele é um dos poucos a falar em português bem articulado na comunidade. Ele acredita na exploração da Amazônia como forma de desenvolver a região, reduzir os problemas sociais e gerar recursos para amenizar a carência dos indígenas.

"Precisamos explorar, mas isso deve ser fiscalizado, precisamos disso para sobreviver", diz. Lonsowe esteve diversas vezes em Brasília para discutir mineração em territórios indígenas.

Seu contato com o homem branco vem desde 1964, quando participou da construção da pista de pouso do 5° Pelotão Especial de Fronteira (PEF) do Exército, vizinho à aldeia. "Foi a gente que derrubou (a mata), nivelou o terreno para fazer a pista. Fui muito bem pago e alimentado", sorri.

Seu comportamento contrasta com o dos outros ianomâmis. A maioria é arisca e faz gestos bruscos quando a reportagem tenta captar imagens. Pedimos para entrar na residência do cacique, que também acumula a função de pajé, e um irmão da autoridade responde com algo rude em seu idioma.

Índias ralam mandioca e batem uma farinha grossa, característica do Estado, usada como base da alimentação local. Ingerir proteína animal depende da caça: a aldeia não cria animais.

Perguntamos o nome e a idade de um menino e ele simplesmente balança a cabeça em sinal positivo. Precisa da ajuda da irmã, que traduz a pergunta e obtém a resposta. Aparentando no máximo 5 anos, o menino já tem 11.

Apelo
Somos recebidos na loja para a conversa com Lonsowe por um sogro, que aperta a mão do repórter, alisa sua jaqueta diversas vezes e grita algo agudo que parece expressar seus votos de muito boas vindas.

Meninas se contorcem pela timidez diante das máquinas fotográficas do grupo, composto por jornalistas, militares e estudantes de pós-graduação em Estratégia Militar para Gestão de Negócios da Fundação Armando Alvares Penteado, de São Paulo.

A despedida do indígena é um apelo. "Não esquece dos ianomâmis, fala bem deles".




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