terça-feira, 31 de março de 2020

Anvisa aprovou 17 testes rápidos para o Coronavirus / Covid-19 para uso no Brasil


Confira os 17 testes rápidos para o Coronavírus / Covid-19 aprovados pela Anvisa em março de 2020 para uso no Brasil  


 Com dados da Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde.

 
Aprovados primeiros testes rápidos para Covid-19
Anvisa/Ascom, 19/03/2020  


 A Anvisa aprovou os primeiros oito kits específicos para o diagnóstico de Covid-19. Os novos produtos são testes rápidos voltados para uso profissional e permitem a leitura dos resultados, em média, em 15 minutos. Os dados devem ser interpretados por um profissional de saúde, com auxílio de informações clínicas do paciente e de outros exames.

Os novos registros constam das Resoluções RE 776/2020 e RE 777/2020, publicadas no Diário Oficial da União (D.O.U.) desta quinta-feira (19/3). A oferta e a produção dos kits irão depender da capacidade de cada empresa que recebeu o registro.
Prioridade

A aprovação dos novos produtos foi feita com base na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 348/2020, publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.) de quarta-feira (18/3). A resolução permitiu a priorização da avaliação de produtos para diagnóstico laboratorial (in vitro) do novo coronavírus.

A medida faz parte das ações estratégicas para viabilizar produtos que possam ser utilizados no enfrentamento da pandemia de Covid-19. A Anvisa informa, ainda, que há outros produtos destinados ao diagnóstico do novo vírus que estão sendo analisados com prioridade.
Kits para diagnóstico

Os kits estão divididos em dois grupos: os que usam amostra de sangue e detectam anticorpos (IgM e IgG) e os que usam amostras das vias respiratórias dos pacientes, nasofaringe (nariz) e orofaringe (garganta) e detectam o antígeno (vírus). Todos são do tipo ensaio imunocromatográfico, sendo que seis fazem o uso de amostras de sangue, soro ou plasma. Confira quais são:

 · One Step Covid-2019 Test

· Coronavírus Rapid Test

· Coronavírus IgG/IgM (Covid-19)

· Medteste Coronavírus 2019-nCoV IgG/IgM

· Teste Rápido em Cassete (Covid-19) IgG/IgM

· Covid-19 IgG/IgM Eco Teste

 Outros dois utilizam um dispositivo semelhante a um cotonete (swab), que retira amostra das vias respiratórias dos pacientes, da nasofaringe e da orofaringe. São eles:

· Eco F Covid-19 Ag

· Covid-19 Ag Eco Teste




Anvisa aprova mais três testes para detectar o Covid-19 
Anvisa, 23/março    

A Anvisa aprovou, nesta segunda-feira (23/3), três novos testes para detectar o Covid-19. Com isso já são 11 os testes aprovados pela Agência para aumentar a capacidade de diagnóstico do vírus no Brasil.

Entre os novos produtos aprovados dois são ensaios moleculares, do tipo PCR, que têm um alto grau de precisão.

O terceiro é um novo teste rápido que faz a detecção de anticorpos, ou seja, que utiliza uma pequena amostra de sangue para a detecção.

Dos 11 testes aprovados até o momento no Brasil, nove são do tipo rápido, com resultados em cerca de 15 minutos, e dois são do tipo molecular.

Confira a publicação dos novos testes no Diário Oficial da União:

    Anti COVID-19 IgG/IgM Rapid Test
    Família Kit de Detecção por PCR em Tempo Real VIASURE SARS-CoV-2
    Família cobas SARS-CoV-2





A Anvisa aprovou novos seis testes para o diagnóstico de Covid-19.
Anvisa, 26/03/2020 

A Anvisa aprovou seis novos testes para o diagnóstico de Covid-19. Com as aprovações anteriores, foram autorizados ao todo 17 testes para facilitar o diagnóstico do novo coronavírus no Brasil. 

Os novos registros constam das Resoluções RE 860/2020 e RE 861/2020, publicadas no Diário Oficial da União (D.O.U.) desta quinta-feira (26/3). A oferta e a produção dos kits para diagnóstico irão depender da capacidade de cada empresa que recebeu o registro.
Confira quais são os novos testes: 


  • LUMIRATEK COVID-19 (IgG/IgM)

  • MAGLUMI IgM de 2019-nCoV (CLIA)

  • MAGLUMI IgG de 2019-nCoV (CLIA)
  • Smart Test Covid-19 Vyttra

  • FAMÍLIA KIT XGEN MASTER COVID-19 – Kit Master para Detecção do Coronavírus SARS-CoV-2

  • DPP® COVID-19 IgM/IgG System 




Referência:
POLITICA, GEOGRAFIA E GEOPOLÍTICA (2020). Anvisa aprovou 17 testes rápidos para o Coronavirus / Covid-19 para uso no Brasil. Política, Geografia e Geopolítica, 31/março/2020.

Fontes:
ANVISA (2020). Aprovados primeiros testes rápidos para Covid-19. Anvisa, 19/03/2020. Ascom, Assessoria de Comunicação da Anvisa. Portal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde.

ANVISA (2020). Três novos testes de Covid-19 ganham autorização. Anvisa, 23/03/2020, Ascom, Assessoria de Comunicação da Anvisa. Portal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde.


ANVISA (2020). Covid-19: aprovados seis novos testes portal. Anvisa, 23/03/2020, Ascom, Assessoria de Comunicação da Anvisa. Portal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde.




segunda-feira, 30 de março de 2020

Um Fundo para enfrentar o Coronavirus, por Luiz Carlos Bresser-Pereira


Fundo do coronavirus

Luiz Carlos Bresser-Pereira


Como evitar a crise?


No Valor de 26.3, o excelente jornalista Ribamar de Oliveira fez uma análise cuidadosa do provável efeito fiscal do coronavírus em seu artigo e perguntou: "Os EUA podem emitir moeda. E o Brasil?" Dada a paralisação das atividades econômicas, ninguém sabe com certeza qual será a queda da receita tributária e do PIB, porque esse resultado depende da profundidade e extensão no tempo das medidas de quarentena que estão sendo adotadas.

Hoje já há um razoável consenso que o crescimento do PIB será negativo em 2020. E que o Estado brasileiro terá que fazer gastos elevados para combater a doença e limitar a recessão.

Diante disto, o jornalista informa que "teve acesso a uma projeção preliminar que aponta para perda de R$ 70 bilhões para a arrecadação do governo federal neste ano, na comparação com o que estava programado no Orçamento."

Como evitar a crise?


Nos Estados Unidos o presidente do banco central americano afirmou que "o Fed fará tudo o que for necessário para evitar que a economia entre em colapso". E o Congresso já aprovou um pacote de US$ 2 trilhões. 

Crise e Desemprego nos Estados Unidos (BBC)
Para financiar esse gasto, o governo americano vai colocar títulos no mercado para captar recursos e, conforme salienta o jornalista, "vai quase certamente, emitir dólares, que é uma moeda aceita mundialmente." E pergunta: "O governo brasileiro também vai emitir títulos para arrecadar dinheiro? Vai apelar também para a emissão de moeda? Ou vender reservas?" 


Quando eu escrevi este artigo, em 26.3, minha resposta foi que não deve haver qualquer dúvida a esse respeito. O governo não deve vender reservas, porque, hoje, depois de fortes retiradas de dólares do Brasil e do aumento do preço do dólar, a situação financeira internacional do Brasil está longe de ser cômoda. Não devemos, também, emitir dívida pública nova, porque ela já é alta. Nem devemos aumentar os impostos. Só há, portanto, uma solução, emitir moeda.



Minha proposta é que enquanto a difusão da doença não for controlada, o Brasil deve se engajar em um programa de "quantitative easing" que poderíamos chamar de Fundo do Coronavírus. Em artigo na Ilustríssima (29.3), Pérsio Arida disse, sem elaborar, que "quadro institucional deve ser alterado para permitir ao Banco Central comprar títulos do Tesouro em mercado". Hoje, 30.6, saiu a notícia que o Banco Central está enviando para o Congresso uma emenda constitucional autorizando-o a adotar um programa de expansão quantitativa.




Para financiar os grandes gastos que se tornaram necessários, o Banco Central comprará títulos emitidos pelo Tesouro que não serão lançados na dívida pública brasileira. Para isto o Congresso deverá aprovar a emenda que o Banco Central está preparando. Esta emenda deverá autorizar o Conselho Monetário Nacional a administrar o processo. O fato de o Brasil não contar com uma moeda que é aceita internacionalmente não é aqui relevante. Isto só é relevante se o Brasil fosse emitir dívida externa, o que não é o caso.

Os recursos assim obtidos serão distribuídos entre a União, os estados e os municípios de acordo com as normas do Fundo de Participação dos Estados e Distrito Federal e o Fundo de Participação dos Municípios. E só poderão ser usados para enfrentar a crise do coronavírus. A emenda determinará com mais precisão quais podem ser esses gastos extra-orçamentários. 


Essa política terá efeito inflacionário? Não creio. Não é o aumento da quantidade de moeda que causa a aceleração da inflação, mas o excesso de demanda que o aumento da quantidade de moeda pode causar. Não é o caso do Brasil hoje. O quadro econômico é recessivo, a inércia inflacionária está razoavelmente neutralizada, e os agentes econômicos perceberão que a emissão não está sendo realizada porque o Estado perdeu o controle do seu gasto, mas para manter a economia minimamente funcionando. 


Fonte: Portal Bresser-Pereira, 30/03/2020 

sábado, 28 de março de 2020

Isolamento Social no combate à Epidemias: Exemplos históricos e lições da Pandemia da Gripe Espanhola (1918-1920)





History

Coronavirus Coverage


March 27, 2020

How some cities ‘flattened the curve’ during the 1918 flu pandemic


Social distancing isn’t a new idea—it saved thousands of American lives during the last great pandemic. Here's how it worked.

By Nina Strochlic and Riley D. Champine


Social distancing isn’t a new idea—it saved thousands of American lives during the last great pandemic. Here's how it worked.

By Nina Strochlic and Riley D. Champine



Philadelphia detected its first case of a deadly, fast-spreading strain of influenza on September 17, 1918. The next day, in an attempt to halt the virus’ spread, city officials launched a campaign against coughing, spitting, and sneezing in public. Yet 10 days later—despite the prospect of an epidemic at its doorstep—the city hosted a parade that 200,000 people attended.








Flu cases continued to mount until finally, on October 3, schools, churches, theaters, and public gathering spaces were shut down. Just two weeks after the first reported case, there were at least 20,000 more.
The 1918 flu, also known as the Spanish Flu, lasted until 1920 and is considered the deadliest pandemic in modern history. Today, as the world grinds to a halt in response to the coronavirus, scientists and historians are studying the 1918 outbreak for clues to the most effective way to stop a global pandemic. The efforts implemented then to stem the flu’s spread in cities across America—and the outcomes—may offer lessons for battling today’s crisis. (Get the latest facts and information about COVID-19.)










From its first known U.S. case, at a Kansas military base in March 1918, the flu spread across the country. Shortly after health measures were put in place in Philadelphia, a case popped up in St. Louis. Two days later, the city shut down most public gatherings and quarantined victims in their homes. The cases slowed. By the end of the pandemic, between 50 and 100 million people were dead worldwide, including more than 500,000 Americans—but the death rate in St. Louis was less than half of the rate in Philadelphia. The deaths due to the virus were estimated to be about 358 people per 100,000 in St Louis, compared to 748 per 100,000 in Philadelphia during the first six months—the deadliest period—of the pandemic.


Dramatic demographic shifts in the past century have made containing a pandemic increasingly hard. The rise of globalization, urbanization, and larger, more densely populated cities can facilitate a virus’ spread across a continent in a few hours—while the tools available to respond have remained nearly the same. Now as then, public health interventions are the first line of defense against an epidemic in the absence of a vaccine. These measures include closing schools, shops, and restaurants; placing restrictions on transportation; mandating social distancing, and banning public gatherings. (This is how small groups can save lives during a pandemic.)
Of course, getting citizens to comply with such orders is another story: In 1918, a San Francisco health officer shot three people when one refused to wear a mandatory face mask. In Arizona, police handed out $10 fines for those caught without the protective gear. But eventually, the most drastic and sweeping measures paid off. After implementing a multitude of strict closures and controls on public gatherings, St. Louis, San Francisco, Milwaukee, and Kansas City responded fastest and most effectively: Interventions there were credited with cutting transmission rates by 30 to 50 percent. New York City, which reacted earliest to the crisis with mandatory quarantines and staggered business hours, experienced the lowest death rate on the Eastern seaboard.
In 2007, a study in the Journal of the American Medial Association analyzed health data from the U.S. census that experienced the 1918 pandemic, and charted the death rates of 43 U.S. cities. That same year, two studies published in the Proceedings of the National Academy of Sciences sought to understand how responses influenced the disease’s spread in different cities. By comparing fatality rates, timing, and public health interventions, they found death rates were around 50 percent lower in cities that implemented preventative measures early on, versus those that did so late or not at all. The most effective efforts had simultaneously closed schools, churches, and theaters, and banned public gatherings. This would allow time for vaccine development (though a flu vaccine was not used until the 1940s) and lessened the strain on health care systems.
The studies reached another important conclusion: That relaxing intervention measures too early could cause an otherwise stabilized city to relapse. St. Louis, for example, was so emboldened by its low death rate that the city lifted restrictions on public gatherings less than two months after the outbreak began. A rash of new cases soon followed. Of the cities that kept interventions in place, none experienced a second wave of high death rates. (See photos that capture a world paused by coronavirus.)
In 1918, the studies found, the key to flattening the curve was social distancing. And that likely remains true a century later, in the current battle against coronavirus. “[T]here is an invaluable treasure trove of useful historical data that has only just begun to be used to inform our actions,” Columbia University epidemiologist Stephen S. Morse wrote in an analysis of the data. “The lessons of 1918, if well heeded, might help us to avoid repeating the same history today.”



Nina Strochlic is a staff writer covering culture for National Geographic.






STROCHLIC, N. & CHAMPIRE, R. D. (2020). How some cities ‘flattened the curve’ during the 1918 flu pandemic. National Geographic, March 27, 2020. History, Coronavirus Coverage. National Geographic Society.

quarta-feira, 25 de março de 2020

Governadores se reunem por videoconferência e decidem manter medidas de isolamento social contra o coronavírus (Covid-19)

 Agência Brasil,  25/03/2020

Governadores manterão medidas de isolamento social contra a covid-19

Em videoconferência, eles discutiram ações de combate à doença


 Foto: Governo estadual de São Paulo

 Por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil - Brasília




Governadores de 26 estados se reuniram nesta quarta-feira (25), por videoconferência, para discutir ações emergenciais em meio à disseminação do novo coronavírus (covid-19) no país. Eles pediram medidas como a suspensão do pagamento de dívidas e empréstimos com a União e bancos públicos federais e a imediata aprovação do Projeto de Lei Complementar 149/2019, conhecido como Plano Mansueto, que implementa um novo programa de auxílio financeiro a estados e municípios.

O encontro ocorreu após os governadores terem se reunido, em grupos separados, com o presidente da República e ministros, também por videoconferência, nos últimos três dias. Apenas o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, não participou da reunião de hoje.

Eles reivindicaram também mais apoio do governo federal para a aquisição de equipamentos e insumos necessários à preparação de leitos hospitalares. "Precisamos de uma estrutura adequada, temos poucos leitos de UTI [unidades de Terapia Intensiva]. A gente precisa de mais teste para o coronavírus", disse o governador de Rondônia, Marcos Rocha.

Na última segunda-feira (23), o governo federal já havia anunciado a suspensão do pagamento de parcelas de dívidas e o auxílio financeiro para compensar a queda na arrecadação dos estados.

Segundo o governador de São Paulo, João Doria, uma carta com as principais sugestões dos governadores será enviada ao presidente da República e ministros. "Todos os governadores fizeram intervenções, ajudaram e contribuíram com a elaboração da carta dos governadores, que será distribuída em breve, e encaminhada ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e aos seus ministros da Fazenda [Economia] e da Saúde. O objetivo dos governadores é defender o Brasil e proteger os brasileiros em cada um dos seus estados, no plano da saúde, das suas vidas e no plano econômico", afirmou.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, participou da videoconferência e sugeriu que os governadores priorizassem medidas emergenciais, que garantam o funcionamento dos estado e evitem o desemprego.

"A gente precisa resolver o curto prazo, garantir o emprego, garantir a renda dos municípios e dos estados para que eles possam continuar funcionando. A gente tem que tratar do curto prazo", afirmou.
 
Isolamento social

Numa referência às medidas de isolamento social, os governadores disseram que seguirão adotando regras com base nas recomendações técnicas da Organização Mundial da Saúde (OMS).


"Pernambuco teve ontem o seu primeiro óbito por coronavírus, e isso só nos faz reforçar todo o entendimento que tem colocado em prática desde o início dessa pandemia no Brasil. As restrições que têm sido feitas estão no caminho correto, em virtude de que os estados têm que se preparar", afirmou o governador pernambucano, Paulo Câmara.

Segundo ele, os governos estaduais ainda precisam ganhar tempo para montar uma estrutura mais adequada de leitos e equipamentos de saúde para enfrentar um período de alta demanda, que ocorrerá nas próximas semanas.O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, ponderou, por outro lado, que as medidas de isolamento social devem ser tomadas de forma equilibrada, para não afetar ainda mais a economia.

"Eu não posso tomar aqui no Mato Grosso a medida que São Paulo tomou porque eu tenho aqui 13 vezes menos população em uma área três vezes maior. Então, eu tenho muito medo dos reflexos econômicos de todas essas restrições que começaram a surgir no Brasil inteiro, e aqui no meu estado", disse.




Emprego e renda
 

Na reunião, os governadores também manifestaram preocupação com a garantia dos empregos e assistência social. "O coronavírus mata e a fome também, por isso nosso foco de estarmos todos empenhados na saúde da população e na sobrevivência dos setores mais vulnerabilizados da nossa sociedade. Faço coro ao que foi dito, garantir os empregos e proteger as milhões de pessoas que trabalham na informalidade, que estão desamparados", afirmou a  governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.


"Que possamos criar um amplo programa de transferência de renda para famílias pobres, tendo como referência os beneficiários de programas já existentes", disse o governador do Pará, Helder Barbalho, afirmando que há R$ 1 trilhão em recursos do Tesouro Nacional em receitas vinculadas não utilizadas.

Prefeitos

Os integrantes da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que inclui 406 municípios com população de mais de 80 mil habitantes, divulgaram nesta quarta-feira posicionamento sobre as manifestações do presidente Jair Bolsonaro no pronunciamento exibido em rede de rádio e TV nesta terça-feira (24). No documento, os gestores defendem que “resguardar a vida das pessoas, dos cidadãos brasileiros é o objetivo máximo de quem tem responsabilidade de liderar, seja nos municípios, nos estados e ainda mais no país”.

Os prefeitos relataram que não tiveram acesso a equipamentos de proteção individual (EPIs) que seriam disponibilizados pelo governo federal e que os R$ 8 bilhões, fracionados em quatro meses, destinados à área de saúde nos estados e municípios, ainda não foram pagos. Na nota, eles pedem a “necessária e constitucional liderança do governo federal no enfrentamento dessa pandemia”.

Matéria ampliada às 23h32

Edição: Juliana Andrade




Referência:

VILELA, Pedro Rafael (2020). Governadores manterão medidas de isolamento social contra a covid-19Agência Brasil,  25/03/2020. Brasília, DF.

Papel do Estado será central para garantir a sobrevivência e reconstrução das economias pós-pandemia de Coronavírus

Carta Maior, 25/03/2020

Para garantir a sobrevivência das economias pós-pandemia


O aumento substancial na escala e no escopo das providências necessárias para combater a pandemia da COVID-19 indica que a ação governamental deve ser vista como uma forma sem precedentes de seguro sistêmico de curto prazo. Essa abordagem requer não apenas enormes gastos do governo, mas também uma reorganização temporária, liderada pelo Estado, de toda a economia.
 

 Por Roman Frydman e Edmund S. Phelps  


O aumento substancial na escala e no escopo das providências necessárias para combater a pandemia da COVID-19 indica que a ação governamental deve ser vista como uma forma sem precedentes de seguro sistêmico de curto prazo. Essa abordagem requer não apenas enormes gastos do governo, mas também uma reorganização temporária, liderada pelo Estado, de toda a economia.

NOVA IORQUE – Confinamentos de cidades inteiras. Pânico nos mercados financeiros. Prateleiras vazias nas lojas. Escassez de leitos hospitalares. O mundo entrou em uma realidade desconhecida fora de tempos de guerra.

Ao ordenar que as pessoas se isolem em casa, os formuladores de políticas esperam diminuir e depois reverter a taxa de propagação do COVID-19. Mas o confinamento isoladamente, ou uma explosão de criação de dinheiro, não impedirá a pandemia ou salvará nossas economias. Precisamos da intervenção do governo, porém muitas propostas atuais parecem equivocadas, algumas mesmo lamentáveis. Outras se movem na direção certa, mas são muito graduais.

A própria possibilidade de milhões de pessoas morrerem à medida que a economia é mutilada justifica aumentar substancialmente a extensão e o escopo da ação do governo. Essa ação deve ser vista como uma forma seguro sistêmico de curto prazo, sem precedentes, para nossas vidas e nossos meios de subsistência. Dado o valor absoluto que atribuímos a ambos, cidadãos e governos devem estar preparados para pagar o que pode parecer um prêmio extravagantemente alto por esse seguro.

O seguro sistêmico necessário exige um esforço liderado pelo governo em quatro áreas principais:

- Redirecionar a capacidade produtiva existente da economia para superar a crescente escassez de equipamentos e serviços necessários para responder à pandemia de modo eficaz.

- Apoiar empresas que não estão diretamente envolvidas nos esforços para combater a crise, para que possam continuar fornecendo bens e serviços essenciais.

- Garantir que a população tenha meios suficientes para comprar esses bens e serviços.

- Criar um mecanismo financeiro para ajudar as pessoas incapazes de pagar suas hipotecas e cumprir outras obrigações, mitigando riscos cataclísmicos para o setor financeiro.

Tal seguro sistêmico vai muito além das propostas correntes de gastar trilhões de dólares, em grande parte destinados a iniciativas políticas, com destinação previamente definida, que diagnosticam erroneamente a crise como provocada por demanda agregada deficiente ou como resultado de um choque de oferta comum.

Além disso, quantias substanciais estão sendo dedicadas a resgates sem condicionar explicitamente o recebimento dos recursos à participação da empresa no esforço de combater a crise da saúde e suas consequências econômicas.

Portanto, na medida em que as autoridades de todo o mundo consideram grandes gastos para combater a crise do COVID-19, as perguntas mais imediatas que enfrentamos são se as políticas atualmente em estudo proporcionam um seguro suficiente contra os riscos sistêmicos que estão se multiplicando rapidamente. Os critérios são diretos:

- Os gastos do governo estão suficientemente focados na superação da crise da saúde pública?

- O pacote de resgate econômico é adequado para sustentar o bem-estar da população?

Considerando o segundo critério primeiro, a distribuição governamental do chamado dinheiro de helicóptero (distribuição direta de dinheiro), para ajudar a manter a população à tona, deve ser recorrente, em vez de um ou dois desembolsos como atualmente em discussão.

Benefícios de desemprego ampliados, juntamente com maior elegibilidade para cupons de alimentos e outros pagamentos desse tipo, também ajudariam a fornecer os meios para pagar por bens e serviços essenciais.

Políticas que visam estimular o emprego, como os cortes nos impostos corporativos ou na folha de pagamento defendidos pelos republicanos do Senado dos EUA, certamente não ajudarão a combater a pandemia e suas consequências no fornecimento de bens e serviços. Empregados doentes ou com risco de adoecerem e, portanto, perigosos para os outros, não podem contar com a manutenção da produção de bens e serviços.

O que agora é dolorosamente claro é que há uma escassez de suprimentos de um tipo sem precedentes: equipamentos e instalações médicas. E é igualmente claro que as políticas em avaliação nos EUA, que dependem principalmente da conversão voluntária da capacidade de produção existente, são lamentavelmente inadequadas para fechar a crescente lacuna.

Reequipar fábricas para produzir ventiladores para pacientes e equipamentos de proteção individual (EPI) para profissionais médicos, por exemplo, leva tempo. Portanto, essas medidas devem ser ampliadas sem demora. Além disso, esse reaparelhamento requer gastos financeiros substanciais, difíceis de serem feitos em uma economia em colapso.

A fim de redirecionar a capacidade existente, o governo deve condicionar o suporte a qualquer empresa privada com o compromisso da empresa de produzir equipamentos vitais (especificados por um corpo de médicos especialistas) e atender sua folha de pagamento com salários razoáveis. Para evitar a manipulação de preços, os suprimentos médicos devem ter preços nos níveis pré-crise.

Essa condicionalidade não deve se aplicar apenas às empresas que produzem equipamentos. A abordagem do seguro sistêmico para alocar fundos dos contribuintes exigiria que grandes empresas do setor de serviços, como companhias aéreas ou redes de hotéis, recebessem resgates apenas após redefinirem sua capacidade de apoiar a luta contra a pandemia.

Em vez de ficar ociosas aguardando a retomada da viagem dos passageiros, as companhias aéreas deveriam receber fundos para equipar seus aviões para transportar suprimentos e equipamentos médicos ou para transportar pacientes doentes para locais com capacidade para cuidar deles. Da mesma forma, as redes de hotéis devem ser apoiadas pelo governo apenas se concordarem em redirecionar seus hotéis para servir como hospitais temporários.

Além de reaproveitar a capacidade existente, o seguro sistêmico exigiria que os funcionários de empresas socorridas continuassem recebendo um salário adequado. Os resgates não devem ser desviados para aumentos salariais da administração, recompra de ações ou distribuição de dividendos.

O que torna sem precedentes o seguro sistêmico é que ele requer não apenas gastos do governo - que podem ser considerados parte do valor do prêmio - mas também intervenções lideradas pelo governo em larga escala na maneira como nossas economias produzem e distribuem bens e serviços. Esse movimento em direção à ação estatal é muito mais abrangente do que a mobilização para a Segunda Guerra Mundial - um paralelo frequentemente invocado – jamais foi.

Mas essa reorganização de nossas economias coloca mais do que dificuldades operacionais, especialmente nos EUA, onde o governo historicamente limitou estritamente sua intervenção direta em atividades produtivas. Embora a intervenção dos governos nas economias modernas assuma várias formas, ideias arraigadas sobre o equilíbrio entre o Estado e o mercado estão agora impedindo uma resposta adequada a essa crise.

Até agora, o presidente Donald Trump e os formuladores de políticas dos EUA favorecem medidas graduais, especialmente quando se trata de o estado dirigir - de fato, reorganizar - o setor privado. Sua crença instintiva na superioridade do mercado e em iniciativas privadas, independentemente das circunstâncias, leva-os a recuar da escala de intervenção governamental necessária para salvar nossas vidas e meios de subsistência.

Os repetitivos bordões sobre o papel adequado do Estado não devem se tornar obstáculos ao empenho para mitigar os graves riscos sistêmicos que enfrentamos. O fraco histórico dos governos em lidar com outra ameaça existencial - a das mudanças climáticas - não inspira otimismo.

*Publicado originalmente em 'Project Syndicate' | Tradução de César Locatelli

Fonte: Carta Maior,
Original:

sexta-feira, 20 de março de 2020

Vídeo sobre o Coronavírus com o Pesquisador Dr. Átila Iamarino




Vídeo sobre o Coronavírus com o Pesquisador Dr. Átila Iamarino

"O que o Brasil precisa fazer nos próximos dias" - Live 20/03





Live sobre o Coronavírus com o Pesquisador Dr. Átila Iamarino

"O que o Brasil precisa fazer nos próximos dias" - Live 20/03





















Pandemia de Coronavírus mostra a importância do "estado de bem-estar social" e dos serviços públicos gratuítos oferecidos pelo Estado

 Carta Capital, 20/03/2020

Coronavírus mostra a importância do Estado de Bem-Estar Social


Para Esther Dweck, ex-secretária do Orçamento, visão pró-Estado mínimo não mudou depois da crise global de 2008

Por André Barrocal

20/03/2020 15:46


A União Europeia tornou-se o epicentro do coronavírus. A Alemanha, líder econômica da região, anunciou seu maior pacote financeiro desde a guerra mundial que causou com Hitler de 1939 a 1945. Foi depois dessa guerra que os países europeus ergueram um Estado de bem-estar social que agora os ajuda a cuidar dos infectados pelo coronavírus. Se nem todos têm um sistema público de saúde gratuito e universal como a Grã Bretanha, fonte de inspiração do SUS, é parecido.

“Se essa crise tem alguma coisa positiva, é mostrar a importância do Estado de bem-estar social”, diz a economista Esther Dweck, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), secretária de Orçamento no governo Dilma Rousseff. “A visão favorável ao Estado mínimo não mudou depois da crise de 2008, vamos ver se agora muda.” 
 A crise financeira global que estourou em setembro de 2008 foi causada pelo excesso de gula e criatividade de bancos americanos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que a pandemia de covid-19 pode ter efeitos econômicos ainda piores. Idem a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no tema “desemprego”.

Para Esther Dweck, o papel do Estado agora será maior do que na crise de 2008/2009, pois esta requereu a salvação de bancos, hoje são vidas e serviços públicos que precisam de socorro. “O Brasil vinha desmontando o Estado, por isso a gente entra mal nessa crise”, afirma.





O desmonte foi iniciado no governo Michel Temer, com o congelamento por 20 anos de gastos públicos, a chamada lei do teto, de 2016. O PT tenta no Supremo Tribunal Federal (STF) excluir a saúde da regra do teto. Isso liberaria, nas contas do partido, 21 bilhões de reais ao SUS, cuja verba este ano é de 134 bilhões. A ação está com a juiza Rosa Weber.

 “Quem tem um sistema de saúde público como o SUS mapeia melhor o coronavírus. Os Estados Unidos não têm isso, vão sofrer mais”, comenta Esther.

Na disputa para ser candidato pelo Partido Democrata a presidente dos EUA em novembro contra Donald Trump, o senador Bernie Sanders defende criar um SUS. Ele está atrás na disputa, porém, de Joe Biden, que foi vice de Barack Obama, cujo governo aprovou uma lei de acesso facilitado a planos de saúde, batizada de Obamacare, uma alternativa à falta de SUS.

O governo Jair Bolsonaro também já deu contribuições ao desmonte da obra inacabada que é o Estado de bem-estar social brasileiro desenhado na Constituição de 1988. No ano passado, aprovou no Congresso uma reforma da Previdência que dificultou o acesso das pessoas ao INSS.

Diante da pandemia, decidiu antecipar para abril e maio o 13o dos aposentados, 46 bilhões de reais ao todo. Se a reforma tivesse produzido já os efeitos esperados no longo prazo, a antecipação do 13º beficiaria menos gente.

Além disso, Bolsonaro deixou de fora do Bolsa Família, outra iniciativa do tipo “Estado de bem-estar social”, 3,5 milhões de pessoas que podiam mas não receberam o benefício em 2019 – estão no programa 13,5 milhões de famílias. Agora com o coronavírus, resolveu ampliar em 10% a verba de 30 bilhões do programa, a fim de atender mais gente.

Fonte: BARROCAL, André (2020). Coronavírus mostra a importância do Estado de Bem-Estar Social. Carta Capital, 20/03/2020. 

segunda-feira, 16 de março de 2020

Pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo vacina contra novo coronavírus

Agência FAPESP,  15 de março de 2020

Cientistas brasileiros estão desenvolvendo vacina contra novo coronavírus



Elton Alisson | Agência FAPESP – Pesquisadores do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) estão desenvolvendo uma vacina contra o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave, o Sars-CoV-2.

Por meio de uma estratégia diferente das adotadas por indústrias farmacêuticas e grupos de pesquisa em diversos países, os cientistas brasileiros esperam acelerar o desenvolvimento e conseguir chegar, nos próximos meses, a uma candidata a vacina contra o novo coronavírus que possa ser testada em animais.

“Acreditamos que a estratégia que estamos empregando para participar desse esforço mundial para desenvolver uma candidata a vacina contra a Covid-19 é muito promissora e poderá induzir uma resposta imunológica melhor do que a de outras propostas que têm surgido, baseadas fundamentalmente em vacinas de mRNA”, disse à Agência FAPESP, Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Incor e coordenador do projeto, apoiado pela FAPESP.

Utilizada no desenvolvimento da primeira vacina experimental contra o Sars-CoV-2, anunciada no fim de fevereiro nos Estados Unidos, a plataforma tecnológica de mRNA se baseia na inserção na vacina de moléculas sintéticas de RNA mensageiro (mRNA) – que contêm as instruções para produção de alguma proteína reconhecível pelo sistema imunológico.

A ideia é que o sistema imunológico reconheça essas proteínas artificiais para posteriormente identificar e combater o coronavírus real. Já a plataforma que será utilizada pelos pesquisadores do Incor é fundamentada no uso de partículas semelhantes a vírus (VLPs, na sigla em inglês de virus like particles).

Estruturas multiproteicas, as VLPs possuem características semelhantes às de um vírus e, por isso, são facilmente reconhecidas pelas células do sistema imune. Porém, não têm material genético do vírus, o que impossibilita a replicação. Por isso, são seguras para o desenvolvimento de vacinas.

“Em geral, as vacinas tradicionais, baseadas em vírus atenuados ou inativados, como a do influenza [causador da gripe], têm demonstrado excelente imunogenicidade, e o conhecimento das características delas serve de parâmetro para o desenvolvimento bem-sucedido de novas plataformas vacinais”, afirmou Gustavo Cabral, pesquisador responsável pelo projeto.

“Mas, neste momento, em que estamos lidando com um vírus pouco conhecido, por questões de segurança é preciso evitar inserir material genético no corpo humano para evitar eventos adversos, como multiplicação viral e possivelmente reversão genética da virulência. Por isso, as formas alternativas para o desenvolvimento da vacina anti-Covid-19 devem priorizar, além da eficiência, a segurança”, ressaltou Cabral.

A fim de permitir que sejam reconhecidas pelo sistema imunológico e gerem uma resposta contra o coronavírus, as VLPs são inoculadas juntamente com antígenos – substâncias que, ao serem introduzidas no corpo humano fazem com que o sistema imune produza anticorpos.

Dessa forma, é possível unir as características de adjuvante dos VLPs com a especificidade do antígeno. Além disso, as VLPs, por serem componentes biológicos naturais e seguros, são facilmente degradadas, explicou Cabral.

“Com essa estratégia é possível direcionar o sistema imunológico para reconhecer as VLPs conjugadas a antígenos como uma ameaça e desencadear a resposta imune de forma eficaz e segura”, disse.

Plataforma de antígenos

O pesquisador fez nos últimos 5 anos pós-doutorados nas universidades de Oxford, na Inglaterra, e de Berna, na Suíça, onde desenvolveu candidatas a vacinas utilizando VLPs contra doenças, como a causada pelo vírus zika.

Por meio de um projeto apoiado pela FAPESP, Cabral retornou ao Brasil onde iniciou no laboratório de imunologia do Incor, no começo de fevereiro, um estudo voltado a desenvolver vacinas contra Streptococcus pyogenes – causador da febre reumática e da cardiopatia reumática crônica – e chikungunya utilizando VLPs.

Com a pandemia do Covid-19, o projeto foi redirecionado para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus.

O projeto também teve a participação de Edécio Cunha Neto, professor do Incor e pesquisador do Laboratório de Imunologia da instituição, que participou da decisão da abordagem do Covid-19 no projeto de Cabral e do delineamento experimental da vacina.

“O objetivo é desenvolver uma plataforma de entrega de antígenos para células do sistema imune de forma extremamente fácil e rápida e que possa servir para desenvolver vacina não só contra a Covid-19, mas também para outras doenças emergentes”, ressaltou Cabral.

Os antígenos do novo coronavírus estão sendo produzidos a partir da identificação de regiões da estrutura do vírus que interagem com as células e permitem a entrada dele, as chamadas proteínas spike.

Essas proteínas, que são protuberâncias pontiagudas ao redor do envelope viral, resultam um formato de coroa que conferiu o nome corona a esse grupo de vírus.

Após a identificação dessas proteínas spike, são extraídos fragmentos delas que são conjugadas às VLPs.

Por meio de testes com o plasma sanguíneo de pacientes infectados pelo novo coronavírus é possível verificar quais fragmentos induzem uma resposta protetora e, dessa forma, servem como potenciais candidatos a antígenos.

“Já estamos sintetizando esses antígenos e vamos testá-los em soro de pacientes infectados”, afirmou Cabral.

Após a realização dos testes em camundongos e comprovada a eficácia da vacina, os pesquisadores pretendem estabelecer colaborações com outras instituições de pesquisa para acelerar o desenvolvimento.

“Após comprovarmos que a vacina neutraliza o vírus, vamos procurar associações no Brasil e no exterior para encurtarmos o caminho e desenvolver o mais rápido possível uma candidata a vacina contra a Covid-19”, disse Kalil.

O pesquisador é coordenador do Instituto de Investigação em Imunologia, sediado no Incor – um dos INCTs apoiados pela FAPESP e pelo CNPq no Estado de São Paulo.


Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.





Referência:

ALISSON, Elton (2020). Cientistas brasileiros estão desenvolvendo vacina contra novo coronavírus. Agência FAPESP, 15 de março de 2020. <http://agencia.fapesp.br/cientistas-brasileiros-estao-desenvolvendo-vacina-contra-novo-coronavirus/32743/>


Suspeito de infeção por Coronavírus, político deixa o isolamento da quarentena contra recomendações médicas e participaa de aglomeração com centenas de pessoas em Brasília

Conversa Afiada, 16/03/2020 

Absurdo: Bolsonaro teve contato com 272 pessoas 


Bolsonaro manuseou ao menos 128 celulares e cumprimentou 140 pessoas


 
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O Estadão fez uma análise da participação do presidente Jair Bolsonaro nas manifestações do último domingo (15/III).

De acordo com o jornal, o presidente teve contato direto com ao menos 272 pessoas em cerca de 58 minutos de interação com apoiadores na frente do Palácio do Planalto.

"Bolsonaro manuseou ao menos 128 celulares, trocou ao menos quatro objetos com a plateia, entre eles um boné, que vestiu, e cumprimentou 140 pessoas. Parte dos cumprimentos, nos primeiros 50 minutos do vídeo, são com "soquinhos" nas mãos das pessoas ou mesmo apertos de mãos. Nos cinco minutos finais de interação, o presidente alcança pelo menos 80 apoiadores correndo com a mão estendida e cumprimentando várias pessoas na sequência", informa o Estadão.

Ainda de acordo com o jornal:

"Bolsonaro manuseou ao menos 128 celulares, trocou ao menos quatro objetos com a plateia, entre eles um boné, que vestiu, e cumprimentou 140 pessoas, segundo o levantamento do Estado. Parte dos cumprimentos, nos primeiros 50 minutos do vídeo, são com "soquinhos" nas mãos das pessoas ou mesmo apertos de mãos. Nos cinco minutos finais de interação, o presidente alcança pelo menos 80 apoiadores correndo com a mão estendida e cumprimentando várias pessoas na sequência.

Infectologistas e até aliados próximos de Bolsonaro reprovaram a atitude. Segundo especialistas em doenças infecciosas, o presidente errou ao ignorar a recomendação de isolamento e expor os manifestantes ao risco de contaminação pela covid-19 (caso esteja com o vírus incubado); ao não proteger a si próprio e ter contato com uma aglomeração que pode incluir pessoas infectadas; e ao não dar o exemplo à população de que deve ser levada a sério a orientação feita pelo Ministério da Saúde para que se evite aglomerações.

Ainda de acordo com especialistas, não é só o contato direto que transmite o coronavírus. Gotículas de saliva de uma pessoa infectada também podem passar o vírus.

Ao interagir com os manifestantes, Bolsonaro ignorou a orientação de sua equipe médica e as diretrizes do Ministério da Saúde para o combate ao coronavírus. Ele deixou o isolamento que deveria fazer por ter se encontrado, semana passada, com ao menos 11 brasileiros que já tem a doença."
Fonte:


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Em pronunciamento, Bolsonaro zomba da pandemia

sexta-feira, 13 de março de 2020

Coronavírus: Brasil apresenta grandes desigualdades na distribuição UTIs pelo território nacional e muitas regiões não tem UTIs

Pública, 13 de março de 2020


Em meio à pandemia de coronavírus, Brasil enfrenta “desertos” de UTIs



Levantamento da Pública mostra que quantidade de leitos de UTI no Brasil segue a média da OMS, mas a distribuição desigual deixa áreas do Norte e Nordeste abaixo do recomendado


Anna Beatriz Anjos, Bianca Muniz, Bruno Fonseca, Rafael Oliveira








Mais da metade das regiões de saúde do Brasil possui menos de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para cada 10 mil pessoas — o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, existem 123 regiões que não possuem sequer um leito de UTI, necessário para atender pacientes em estado grave da doença causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2). Segundo informe da Sociedade Brasileira de Infectologia (SIB), a estimativa é de que, a cada 100 pessoas infectadas pelo coronavírus, cerca de cinco precisem de internação em tratamento intensivo.

A média brasileira, que é de 2,3 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes, se enquadra nos limites recomendados pela OMS — de 1 a 3 leitos para a mesma quantidade de pessoas. No entanto, mais de 80% das regiões de saúde no país não atingem esse parâmetro da OMS. A situação é pior no Norte e Nordeste onde a maioria das regiões de saúde está abaixo da média recomendada. Já nos três estados do Sul, a maioria das regiões segue a definição da OMS.



Os dados são resultado de um levantamento exclusivo da Agência Pública com informações de 450 regiões de saúde listadas no Sistema de Apoio à Gestão Estratégica do Ministério da Saúde. As regiões são grupos de municípios, na maior parte das vezes vizinhos e com características sociais e econômicas parecidas, definidos para ajudar a elaborar e executar as ações do governo em saúde. A reportagem contabilizou os leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) e também os privados.

 

 

Distribuição de leitos de UTI por regiões de saúde






Em todas as regiões de saúde de Roraima, por exemplo, o número de leitos de UTI por habitante não atinge a média. No Pará, há apenas uma região dentro da média: a área que engloba a capital Belém e os municípios vizinhos de Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará. Nesta semana, governadores dos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Mato Grosso, Amazonas, Tocantins, Acre e Roraima assinaram uma carta pedindo mais recursos do Governo Federal e a abertura de leitos adicionais de UTI na região.

A desigualdade de oferta de UTIs é um problema para o tratamento do quadro clínico causado pelo coronavírus, já que, nos casos mais graves, é necessária a internação do paciente. “Uma coisa é uma pessoa ir a um posto de saúde em Belo Horizonte, conseguir fazer um teste, ter o diagnóstico positivo e então ser encaminhada a um hospital, onde vai ficar internada e pronto. Outra coisa é isso acontecer no interior do Amazonas”, afirma o economista Pedro Amaral, professor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrante de um grupo de pesquisa que analisa a distribuição espacial da oferta de serviços de saúde no Brasil. “As pessoas [nessas regiões] não têm um risco maior de pegar a doença, mas de morrer pela doença. Se precisarem de uma UTI, talvez não tenha leitos na região delas, porque a disponibilidade é menor. A desigualdade vai pegar no risco de mortalidade.”

Essa situação, sobretudo no Norte e Nordeste, faz com que a população que vive em regiões onde a quantidade de UTIs está abaixo do recomendado precise se deslocar para ter mais chance de internação. “Em momento algum podemos esperar que todos os municípios tenham leitos de UTI, o sistema de saúde nunca pode ser pensado assim. Nas regiões Norte e Nordeste, os leitos tendem a estar concentrados nas capitais ou cidades grandes. Mesmo quando a quantidade total de leitos é suficiente, eles estão mais concentrados, então a população fica mais afastada dessa oferta”, aponta Amaral.

Segundo os dados do Ministério da Saúde, essa é a situação de quem vive em algum dos cinco municípios que integram a região de saúde do rio Madeira, no leste do Amazonas, onde não há sequer um leito de UTI. A população estimada na região é de quase 200 mil pessoas.

A diferença na oferta de atendimento em terapia intensiva não se restringe apenas ao Norte e Nordeste do país. Há diversos “desertos” de leitos de UTI ou com quantidade abaixo da média por todo o Brasil. Em Minas Gerais, quase metade das regiões está abaixo da recomendação da OMS — no norte do estado, há uma série de municípios cuja região não tem nenhuma UTI.
 

Fonte:
Pública, 13 de março de 2020