Mostrando postagens com marcador SUS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador SUS. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Vídeo Debate: "Cooperação Técnica Internacional: Saúde e Educação"


Canal do NEEGI no Youtube

06/agosto/2020

"Cooperação Técnica Internacional: Saúde e Educação"📺






Debates Online do NEEGI


"Cooperação Técnica Internacional: Saúde e Educação" 
Neste programa ao vivo do NEEGI contamos com a presença do Prof. Dr. Bruno Sadeck. Mestre em Ciência Política pela Universidade de Brasília - UnB (2006) e Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (2014) na linha de Política Internacional. Professor Adjunto da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no curso de Relações Internacionais. O professor Bruno atuou na Assessoria Internacional (coordenador do Setor Educacional do MERCOSUL) e na Secretaria de Regulação e na Supervisão da Educação Superior - SERES (colaborador técnico) do Ministério da Educação. Também trabalhou na Secretaria de Relações Institucionais (Subchefia de Assuntos Federativos) da Presidência da República e na Secretaria Nacional de Articulação Social. 
 Para verificar o currículo dos palestrantes e debatedores, basta acessar os links a seguir: 
Prof. Dr. Lucas Kerr Oliveira | http://lattes.cnpq.br/4584511557852332 
Prof. Dr. Bruno R. Viana Sadeck Santos | http://lattes.cnpq.br/4903586823158464

sexta-feira, 20 de março de 2020

Pandemia de Coronavírus mostra a importância do "estado de bem-estar social" e dos serviços públicos gratuítos oferecidos pelo Estado

 Carta Capital, 20/03/2020

Coronavírus mostra a importância do Estado de Bem-Estar Social


Para Esther Dweck, ex-secretária do Orçamento, visão pró-Estado mínimo não mudou depois da crise global de 2008

Por André Barrocal

20/03/2020 15:46


A União Europeia tornou-se o epicentro do coronavírus. A Alemanha, líder econômica da região, anunciou seu maior pacote financeiro desde a guerra mundial que causou com Hitler de 1939 a 1945. Foi depois dessa guerra que os países europeus ergueram um Estado de bem-estar social que agora os ajuda a cuidar dos infectados pelo coronavírus. Se nem todos têm um sistema público de saúde gratuito e universal como a Grã Bretanha, fonte de inspiração do SUS, é parecido.

“Se essa crise tem alguma coisa positiva, é mostrar a importância do Estado de bem-estar social”, diz a economista Esther Dweck, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), secretária de Orçamento no governo Dilma Rousseff. “A visão favorável ao Estado mínimo não mudou depois da crise de 2008, vamos ver se agora muda.” 
 A crise financeira global que estourou em setembro de 2008 foi causada pelo excesso de gula e criatividade de bancos americanos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que a pandemia de covid-19 pode ter efeitos econômicos ainda piores. Idem a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no tema “desemprego”.

Para Esther Dweck, o papel do Estado agora será maior do que na crise de 2008/2009, pois esta requereu a salvação de bancos, hoje são vidas e serviços públicos que precisam de socorro. “O Brasil vinha desmontando o Estado, por isso a gente entra mal nessa crise”, afirma.





O desmonte foi iniciado no governo Michel Temer, com o congelamento por 20 anos de gastos públicos, a chamada lei do teto, de 2016. O PT tenta no Supremo Tribunal Federal (STF) excluir a saúde da regra do teto. Isso liberaria, nas contas do partido, 21 bilhões de reais ao SUS, cuja verba este ano é de 134 bilhões. A ação está com a juiza Rosa Weber.

 “Quem tem um sistema de saúde público como o SUS mapeia melhor o coronavírus. Os Estados Unidos não têm isso, vão sofrer mais”, comenta Esther.

Na disputa para ser candidato pelo Partido Democrata a presidente dos EUA em novembro contra Donald Trump, o senador Bernie Sanders defende criar um SUS. Ele está atrás na disputa, porém, de Joe Biden, que foi vice de Barack Obama, cujo governo aprovou uma lei de acesso facilitado a planos de saúde, batizada de Obamacare, uma alternativa à falta de SUS.

O governo Jair Bolsonaro também já deu contribuições ao desmonte da obra inacabada que é o Estado de bem-estar social brasileiro desenhado na Constituição de 1988. No ano passado, aprovou no Congresso uma reforma da Previdência que dificultou o acesso das pessoas ao INSS.

Diante da pandemia, decidiu antecipar para abril e maio o 13o dos aposentados, 46 bilhões de reais ao todo. Se a reforma tivesse produzido já os efeitos esperados no longo prazo, a antecipação do 13º beficiaria menos gente.

Além disso, Bolsonaro deixou de fora do Bolsa Família, outra iniciativa do tipo “Estado de bem-estar social”, 3,5 milhões de pessoas que podiam mas não receberam o benefício em 2019 – estão no programa 13,5 milhões de famílias. Agora com o coronavírus, resolveu ampliar em 10% a verba de 30 bilhões do programa, a fim de atender mais gente.

Fonte: BARROCAL, André (2020). Coronavírus mostra a importância do Estado de Bem-Estar Social. Carta Capital, 20/03/2020. 

sexta-feira, 13 de março de 2020

Coronavírus: Brasil apresenta grandes desigualdades na distribuição UTIs pelo território nacional e muitas regiões não tem UTIs

Pública, 13 de março de 2020


Em meio à pandemia de coronavírus, Brasil enfrenta “desertos” de UTIs



Levantamento da Pública mostra que quantidade de leitos de UTI no Brasil segue a média da OMS, mas a distribuição desigual deixa áreas do Norte e Nordeste abaixo do recomendado


Anna Beatriz Anjos, Bianca Muniz, Bruno Fonseca, Rafael Oliveira








Mais da metade das regiões de saúde do Brasil possui menos de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para cada 10 mil pessoas — o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, existem 123 regiões que não possuem sequer um leito de UTI, necessário para atender pacientes em estado grave da doença causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2). Segundo informe da Sociedade Brasileira de Infectologia (SIB), a estimativa é de que, a cada 100 pessoas infectadas pelo coronavírus, cerca de cinco precisem de internação em tratamento intensivo.

A média brasileira, que é de 2,3 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes, se enquadra nos limites recomendados pela OMS — de 1 a 3 leitos para a mesma quantidade de pessoas. No entanto, mais de 80% das regiões de saúde no país não atingem esse parâmetro da OMS. A situação é pior no Norte e Nordeste onde a maioria das regiões de saúde está abaixo da média recomendada. Já nos três estados do Sul, a maioria das regiões segue a definição da OMS.



Os dados são resultado de um levantamento exclusivo da Agência Pública com informações de 450 regiões de saúde listadas no Sistema de Apoio à Gestão Estratégica do Ministério da Saúde. As regiões são grupos de municípios, na maior parte das vezes vizinhos e com características sociais e econômicas parecidas, definidos para ajudar a elaborar e executar as ações do governo em saúde. A reportagem contabilizou os leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) e também os privados.

 

 

Distribuição de leitos de UTI por regiões de saúde






Em todas as regiões de saúde de Roraima, por exemplo, o número de leitos de UTI por habitante não atinge a média. No Pará, há apenas uma região dentro da média: a área que engloba a capital Belém e os municípios vizinhos de Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará. Nesta semana, governadores dos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Mato Grosso, Amazonas, Tocantins, Acre e Roraima assinaram uma carta pedindo mais recursos do Governo Federal e a abertura de leitos adicionais de UTI na região.

A desigualdade de oferta de UTIs é um problema para o tratamento do quadro clínico causado pelo coronavírus, já que, nos casos mais graves, é necessária a internação do paciente. “Uma coisa é uma pessoa ir a um posto de saúde em Belo Horizonte, conseguir fazer um teste, ter o diagnóstico positivo e então ser encaminhada a um hospital, onde vai ficar internada e pronto. Outra coisa é isso acontecer no interior do Amazonas”, afirma o economista Pedro Amaral, professor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrante de um grupo de pesquisa que analisa a distribuição espacial da oferta de serviços de saúde no Brasil. “As pessoas [nessas regiões] não têm um risco maior de pegar a doença, mas de morrer pela doença. Se precisarem de uma UTI, talvez não tenha leitos na região delas, porque a disponibilidade é menor. A desigualdade vai pegar no risco de mortalidade.”

Essa situação, sobretudo no Norte e Nordeste, faz com que a população que vive em regiões onde a quantidade de UTIs está abaixo do recomendado precise se deslocar para ter mais chance de internação. “Em momento algum podemos esperar que todos os municípios tenham leitos de UTI, o sistema de saúde nunca pode ser pensado assim. Nas regiões Norte e Nordeste, os leitos tendem a estar concentrados nas capitais ou cidades grandes. Mesmo quando a quantidade total de leitos é suficiente, eles estão mais concentrados, então a população fica mais afastada dessa oferta”, aponta Amaral.

Segundo os dados do Ministério da Saúde, essa é a situação de quem vive em algum dos cinco municípios que integram a região de saúde do rio Madeira, no leste do Amazonas, onde não há sequer um leito de UTI. A população estimada na região é de quase 200 mil pessoas.

A diferença na oferta de atendimento em terapia intensiva não se restringe apenas ao Norte e Nordeste do país. Há diversos “desertos” de leitos de UTI ou com quantidade abaixo da média por todo o Brasil. Em Minas Gerais, quase metade das regiões está abaixo da recomendação da OMS — no norte do estado, há uma série de municípios cuja região não tem nenhuma UTI.
 

Fonte:
Pública, 13 de março de 2020