quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Geopolítica do Cáucaso e a Guerra Armênia-Azerbaijão pela região de Nagorno-Karabakh

 

Geopolítica da Crise no Cáucaso: A Guerra Armênia-Azerbaijão e a Geopolítica dos Gasodutos na Eurásia 

 

 

 

Com participação dos Pós-graduandos Ana Karolina Morais - NEEGI/UNILA Renan Silvestro Silva - NEEGI/UNILA Gabriel Rodriguez - NEEGI/UNILA Issam Rabih Menem - UFRGS Evento realizado em parceria com os Observatórios dos BRICS, Observatório da Integração Regional, Observatório da Geopolítica da Energia, Observatório de Segurança Infraestrutura e Fronteiras com a colaboração do ISAPE e da Revista Intertelas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Currículo Lattes dos convidados:
Lucas Kerr de Oliveira: http://lattes.cnpq.br/4584511557852332
Ana Karolina Morais: http://lattes.cnpq.br/2706723942205081
Issam Menem: http://lattes.cnpq.br/3659401873409548

 

 

terça-feira, 13 de outubro de 2020

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

3º Encontro da Rede Brasileira de Estudos da China | 14, 15 e 16 de outubro de 2020

 

3º Encontro da Rede Brasileira de Estudos da China 

A Rede Brasileira de Estudos da China (RBChina) promoverá o seu III Encontro nos dias 14, 15 e 16 de outubro de 2020, com o tema “O Sul Global no contexto da disputa hegemônica China-EUA”. O evento será realizado no formato virtual e as inscrições são gratuitas. Neste ano, a organização está sob a responsabilidade do Instituto de Estudos da Ásia da Universidade Federal de Pernambuco (IEASIA/UFPE), em colaboração com diversas outras instituições ligadas à Rede.

O Encontro estava previsto inicialmente para acontecer de maneira presencial na cidade do Recife, no entanto, devido à pandemia de COVID-19, o evento ocorrerá 100% online, aberto a toda sociedade mediante inscrições. Isso deverá ampliar o alcance e a relevância da iniciativa, sobretudo em um momento no qual a existência de fóruns acadêmicos e institucionais que permitam uma maior compreensão acerca da China se mostra de grande importância, especialmente no Brasil.

A programação conta com as presenças do Embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, e da Cônsul-Geral da China no Recife, Yan Yuqing, além de palestras e debates com convidados(as) de vários estados brasileiros e de outros países. Além de acadêmicos(as) das principais universidades nacionais, também participarão do evento pesquisadores(as) da China University Foreign Affairs, Shanghai Jiao Tong University e do Shanghai Institute for International Studies (SIIS).

Ao todo, o Encontro terá dez mesas que abordarão temáticas variadas. Entre elas, os papeis do Brasil e da China na política internacional, a recente disputa comercial sino-americana e seus reflexos para a América Latina, os efeitos da atual pandemia na geopolítica mundial, inovação tecnológica, protagonismo feminino, finanças e bancos, etc.

Histórico

A RBChina foi lançada em novembro de 2017 e atualmente é integrada por mais de 200 pessoas, entre acadêmicos(as), diplomatas, advogados(as), jornalistas, artistas, empresários(as) e estudantes, espalhados(as) pelos diversos estados brasileiros e por outros países. Trata-se de uma rede em processo de ampliação, que tem se consolidado como um importante fórum nacional dedicado à China. Desde então, já foram organizados dois encontros nacionais: o primeiro, em 2018, aconteceu na cidade de Belo Horizonte; o segundo, em Campinas, ocorreu no ano seguinte.

Em 2018, o evento teve o apoio direto da Embaixada da China no Brasil e da Associação de Amizade do Povo da China com os Países Estrangeiros, que organizaram a vinda de acadêmicos chineses. Em 2019, o Encontro contou com a participação de pesquisadores(as) da Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS) através do Centro CASS – Unicamp de Estudos sobre a China.

As inscrições podem ser feitas através do link https://bit.ly/3bX1QML

 Fonte: Instituto de Estudos da Ásia   https://ufpeieasia.wordpress.com/



Assista ao vivo o 3º Encontro da Rede Brasileira de Estudos da China no Canal da UFPE no Youtube:

  


 
Dúvidas e maiores informações pelo e-mail: ieasia.ufpe@gmail.com.

Instituto de Estudos da Ásia
Institute of Asian Studies



 


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

75 anos da II Guerra Mundial: o papel do Brasil, da Rússia e da China

75 anos da II Guerra Mundial: o papel do Brasil, da Rússia e da China

 



 

 https://youtu.be/R9hEhuACp9Q

 

 

 O último suspiro da Segunda Guerra Mundial acontecia em setembro de 1945, com a rendição japonesa.

O Sistema Internacional foi reestruturado e reconstruído pelos efeitos da II Guerra Mundial
sofreu grandes transformações, mas continua apresentando diversas estruturas e padrões de relações entre os Estados herdadas daquele evento catastrófico.

Exatos 75 anos depois, as potências tradicionais apresentam relativa decadência em relação às potências emergentes. A construção de novos padrões de relações Sul-Sul, progressivamente mais institucionalizadas, vem acompanhada de diversos estudos acadêmicos partindo de uma visão do sul global geopolítico, reivindicando o lugar da periferia na história mundial. Neste contexto o grupo dos países do BRICS reposiciona sua voz nessa História constantemente re-interpretada e re-analisada.

O Ciclo de Debates do NEEGI apresenta do debate:

“75 anos da II Guerra Mundial: o papel do Brasil, da Rússia e da China”, realizado ao vivo, no canal do NEEGI no YouTube, no dia 17 de setembro, quinta-feira, à partir das 19h


Nossos queridos convidados e debatedores são:
Alessandra Scangarelli Brites
Bruno Magno
Eden Pereira Lopes da Silva
João Claudio Platenik Pitillo
Lucas Kerr Oliveira


 

 
 
Evolução da Guerra entre os países do Eixo Nazifascista e os Aliados das Nações Unidas (1939-1945). (Fonte:  Wikimedia Commons)
Fonte:  Wikimedia Commons
 
 
 
Fonte:  Wikimedia Commons
 






 
 


 
 



 

 

 

 

 

 

 

 








 
 
 
 













quinta-feira, 3 de setembro de 2020

"A Geopolítica das Fronteiras - Impactos da Pandemia nas Fronteiras", com Flávia Carolina, Cristovão Henrique, Roberto França e Lucas Kerr

03 de setembro de 2020

"A Geopolítica das Fronteiras - Impactos da Pandemia nas Fronteiras"

com os palestrantes debatedores:

Dra. Flávia Carolina Fagundes, Prof. Dr. Cristovão Henrique, Prof. Dr. Roberto França e Prof. Dr. Lucas Kerr Oliveira

 

 

 

 

"A Geopolítica das Fronteiras - Impactos da Pandemia nas Fronteiras" 

 

Ciclo de Debates do NEEGI 💻🎞 📖 

 

Contamos com a presença do Prof. Dr. Cristóvão Henrique, professor da Universidade Federal do Acre (UFAC), da Professora Dra. Flávia Carolina Resende Fagundes do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), do Professor Dr. Roberto França da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e do Professor Dr. Lucas Kerr Oliveira também da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). 

 

 O tema é: "A Geopolítica das Fronteiras - Impactos da Pandemia nas regiões de Fronteira, de Norte a Sul do Brasil" 

Evento transmitido às 16:00 horas do dia 03 de setembro de 2020, através do canal do NEEGI no Youtube. 📺 

 

Currículos dos debatedores: 

 

 Prof.a Dra. Flávia Carolina Resende Fagundes | http://lattes.cnpq.br/4882492121520514 

 

 Prof. Dr. Cristóvão Henrique | http://lattes.cnpq.br/2807948018681400 

 

Prof. Dr. Roberto França | http://lattes.cnpq.br/6080535071110177 

 

Prof. Dr. Lucas Kerr Oliveira | http://lattes.cnpq.br/4584511557852332

sábado, 22 de agosto de 2020

"A Explosão em Beirut e a Geopolítica do Líbano e da Síria" Debate ao vivo com Issam Rabih Menem, Ana Karolina Morais Silva e Lucas Kerr Oliveira

Debate Online ao vivo: ▶️
💥 "A explosão em Beirute e a Geopolítica do Líbano e da Síria"💥

Sábado, 22/08/2020, à partir das 16h00 (Brasília / Buenos Aires / GMT-03), no canal do NEEGI no Youtube ▶️


Participação do coordenador do NEEGI, prof. Dr. Lucas Kerr Oliveira, e os também pesquisadores do núcleo, Ana Karolina Morais (PPGICAL/UNILA) e Issam Menem (PPGEEI/UFRGS).








Debate

"A Explosão em Beirut e a Geopolítica do Líbano e da Síria", no contexto dos conflitos do Oriente Médio, com Issam Rabih Menem, Ana Karolina Morais Silva e Lucas Kerr Oliveira
📝

Currículo Lattes dos convidados:
Lucas Kerr de Oliveira: http://lattes.cnpq.br/4584511557852332
Ana Karolina Morais: http://lattes.cnpq.br/2706723942205081
Issam Menem: http://lattes.cnpq.br/3659401873409548

Vídeo transmitido ao vivo em 22/08/2020 como parte das atividades de videoconferências, palestras, debates e minicursos online, desenvolvidas pelo Núcleo de Estudos Estratégicos, Geopolítica e Integração (NEEGI), com organização e apoio dos projetos de extensão universitária do "Observatório dos BRICS e das Relações Sul-Sul", do "Observatório Geopolítico Latino-Americano da Epidemia do Coronavírus", do "Observatório Latino-Americano da Geopolítica Energética" do "Observatório da Integração Regional Sul-Americana", vinculados ao NEEGI, contando com o apoio dos extensionistas Bruno Trujillo, Luiza Maria e Willian Brito Lisboa.



A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) apoia os projetos de extensão universitária destacando que as opiniões expressas pelos debatedores e demais participantes não reflete ou representa necessariamente as opiniões e posições institucionais da universidade. As opiniões dos debatedores não representam necessariamente as opiniões das Instituições das quais eles participam ou colaboram.



quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Vídeo Debate: "Cooperação Técnica Internacional: Saúde e Educação"


Canal do NEEGI no Youtube

06/agosto/2020

"Cooperação Técnica Internacional: Saúde e Educação"📺






Debates Online do NEEGI


"Cooperação Técnica Internacional: Saúde e Educação" 
Neste programa ao vivo do NEEGI contamos com a presença do Prof. Dr. Bruno Sadeck. Mestre em Ciência Política pela Universidade de Brasília - UnB (2006) e Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (2014) na linha de Política Internacional. Professor Adjunto da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no curso de Relações Internacionais. O professor Bruno atuou na Assessoria Internacional (coordenador do Setor Educacional do MERCOSUL) e na Secretaria de Regulação e na Supervisão da Educação Superior - SERES (colaborador técnico) do Ministério da Educação. Também trabalhou na Secretaria de Relações Institucionais (Subchefia de Assuntos Federativos) da Presidência da República e na Secretaria Nacional de Articulação Social. 
 Para verificar o currículo dos palestrantes e debatedores, basta acessar os links a seguir: 
Prof. Dr. Lucas Kerr Oliveira | http://lattes.cnpq.br/4584511557852332 
Prof. Dr. Bruno R. Viana Sadeck Santos | http://lattes.cnpq.br/4903586823158464

sábado, 1 de agosto de 2020

Vídeo: "Epidemiologia da COVID19 no Brasil, no Nordeste e no Ceará"​, com a prof.a. Dra. Lígia Kerr


Vídeo Palestra:

"Epidemiologia da COVID19 no Brasil, no Nordeste e no Ceará"​

com a prof.a. Dra. Lígia Kerr


Sábado, 1o de agosto de 2020 : 16h






"Epidemiologia da COVID19 no Brasil, no Nordeste e no Ceará"

Vídeo Palestra na forma de Aula Pública​ com a Professora Dra. Ligia Regina Franco Sansigolo Kerr, da Universidade Federal do Ceará, UFC



Professora Dra. Ligia Regina Franco Sansigolo Kerr, é professora titular da Universidade Federal do Ceará. Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, USP (1983), mestrado em Medicina (Medicina Preventiva) pela Universidade de São Paulo (1988), doutorado em Medicina (Medicina Preventiva) pela Universidade de São Paulo (1992). Possui, também, pós-doutorado em epidemiologia na Harvard School of Public Health (1997) e pós-doutorado em epidemiologia na University of California San Francisco (2007). É Membro do Comitê de Eliminação da Hanseníase do Ministério da Saúde, foi membro do Comitê de Pesquisa do Programa Nacional de AIDS do Ministério da Saúde e da Comissão Nacional de AIDS do Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde, foi editor associado da Revista de Epidemiologia da ABRASCO, assessora do Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária Dona Libânia, revisora da Revista de Saúde Pública da USP, JAIDS, AIDS & Behavior, Journal of Infection in Developing Countries, foi membro do corpo editorial dos Cadernos de Saúde Pública e é membro do corpo editorial da revista Culture, Health and Sexuality. Possui vasta experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Epidemiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: epidemiologia e controle da aids, epidemiologia e controle da hanseníase e outras doenças transmissíveis. Atualmente participa do desenvolvimento de quatro pesquisas epidemiológicas no Brasil, com foco no Nordeste e no Ceará, coordena a pesquisa sobre Incidência e prevalência da COVID-19 no Arquipélago de Fernando de Noronha.

Professora Dra. Ligia Regina Franco Sansigolo Kerr, link para o Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6549222399222061

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Integração Regional Sul-Americana: Segunda ponte Brasil-Paraguai em Foz do Iguaçu tem ritmo intenso de obras


Agência Estadual de Notícias do Estado do Paraná
19/06/2020

Segunda ponte de Foz do Iguaçu tem ritmo intenso de obras

Projeto da Segunda Ponte Brasil-Paraguai em Foz do Iguaçu, PR. Fonte: DNIT

 


 Foto: José Fernando Ogura/AEN

Uma descida até o Paraguai ou uma subida até o Brasil poderão ser jargões em Foz do Iguaçu a partir de 2022, quando a segunda ponte entre os dois países estiver em pleno funcionamento. A brincadeira faz referência a uma diferença de mais dez metros de altura entre as cabeceiras das duas pistas, mas essa sensação será praticamente imperceptível ao percorrer a distância de 760 metros da ponte, que será um novo marco arquitetônico e logístico do Paraná. O Governo do Estado é gestor da obra.

Os trabalhos alcançaram 22% na primeira semana de junho e envolvem mais de 350 funcionários. O ritmo está bem acelerado na margem brasileira do Rio Paraná, com estruturas bem visíveis, mas questões aduaneiras atrasaram as obras no Paraguai, que ainda estão na fase de terraplanagem e construção do dique de contenção contra eventual cheia. Essa diferença de cerca de seis meses será recuperada nos próximos meses.

“É um projeto que está em discussão há mais de 25 anos e que tiramos do papel em tempo recorde”, diz o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Somos responsáveis pela gestão desta obra, que é parte do planejamento de melhorar a integração na América do Sul e ampliar o turismo em Foz do Iguaçu. É um símbolo, porque fica perto do Marco das Três Fronteiras, é uma ponte que marcará esse século como a Ponte Internacional da Amizade marcou o último”.

O secretário da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, enfatiza que é a maior obra do Estado, uma das maiores do País e um desafio logístico internacional. “A nova ponte é fruto do bom relacionamento com o governo federal, que entendeu que o Governo do Estado deveria ser responsável pela gestão da obra”, afirma o secretário. “Esse projeto demorou a sair do papel e passou algum tempo abandonado, mas fizemos questão de participar”.

A segunda ponte internacional sobre o Rio Paraná e a nova perimetral até a BR-277, que acompanha a obra, terão investimentos de R$ 463 milhões da Itaipu Binacional. Segundo o diretor-geral brasileiro da usina, Joaquim Silva e Luna, a obra faz parte da missão da Itaipu de impulsionar o desenvolvimento econômico, turístico, tecnológico, sustentável no Brasil e no Paraguai. “Queremos que o cidadão perceba onde o dinheiro está sendo aplicado e, por isso, investimos em grandes obras estruturantes, como esta ponte, que será um marco da ligação entre os dois países”, afirma o diretor-geral.

EM TRÊS ANOS A ponte está sendo construída nas proximidades do Marco das Três Fronteiras, ligando Foz do Iguaçu à cidade paraguaia de Presidente Franco. Batizada de Ponte da Integração Brasil-Paraguai, a segunda ponte internacional sobre o Rio Paraná custará cerca de R$ 323 milhões. A Itaipu injetou mais R$ 140 milhões nas obras da Perimetral Leste, que ligará a nova estrutura à BR-277.

A nova ponte terá 760 metros de comprimento e vão-livre de 470 metros, o maior da América Latina. Serão duas pistas simples com 3,6 metros de largura, acostamento de 3 metros e calçada de 1,70 metro nas laterais. A previsão é que a obra seja entregue em três anos. Ela será maior que a Ponte Internacional da Amizade e está localizada cerca de 10 quilômetros abaixo dela, em direção ao Rio Iguaçu.

O projeto foi concebido originalmente por uma comissão mista entre os dois países em 1992, mas foi deixado de lado com o decorrer dos anos por falta de dinheiro ou interesse diplomático. Também houve problemas ambientais no início da execução, em 2014, e a obra foi paralisada. Quando houve avanços nas questões legais não havia recursos e a entrada da Itaipu Binacional nessa estratégia foi fundamental para resolveu todas as pendências.

“Inicialmente não era para ser uma ponte estaiada, depois o projeto previa um vão menor, mas, ao final, o consórcio escolheu por deixar os pilares nas bordas por facilidade na execução e para ter o maior vão livre da América Latina”, explica o engenheiro Marcus Arantes, responsável pelo acompanhamento da obra por parte do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), órgão delegado para fiscalização do contrato.

Como contrapartida da estratégia paraguaia, haverá uma nova ponte, também bancada pela Itaipu Binacional, entre Carmelo Peralta (Paraguai) e Porto Murtinho (Mato Grosso do Sul).

PERIMETRAL – A perimetral que faz parte da obra vai permitir que caminhões procedentes da Argentina e do Paraguai acessem diretamente a BR-277 na altura do Posto Paradão, reduzindo o fluxo de veículos pesados na área urbana de Foz do Iguaçu. A ponte também terá acesso facultado a veículos menores e turistas.

A perimetral do lado brasileiro está prevista para começar em outubro e inclui toda a estrutura necessária para a aduana na chamada zona primária. A perimetral do lado paraguaio será de responsabilidade do governo local. Da mesma forma, na outra ponte ligando os dois países, cada um deles será responsável pela construção da sua respectiva perimetral.

“A ponte e a perimetral são de fundamental importância para o comércio e o turismo”, diz Mario Camargo, presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu (Codefoz). “Esse contorno vai tirar os caminhões de dentro da cidade e da Rodovia das Cataratas. Foz do Iguaçu tem duas grandes vocações e elas não podem causar transtornos entre si”, diz ele. “Fora a degradação do asfalto. Esse anel rodoviário vai melhorar a rotina da cidade”.




Box 1

Ponte terá torres do tamanho de prédio de 50 andares

No lado brasileiro, uma das duas principais torres de 190 metros (tamanho de um prédio de 50 andares) já bateu os 60 metros (altura da pista do asfalto) e os trabalhos na coirmã para alcançar esse patamar terminam em breve. A intensidade é possível graças a uma tecnologia de concreto injetado por camadas. A espessura de cada cilindro é de 60 centímetros.

As torres formarão um Y invertido, por onde passarão os estaios (cabos de aço) da ponte estaiada. Esse canteiro trabalha 24 horas por dia. O lado paraguaio será espelhado.

A caixa de equilíbrio do lado brasileiro também já tem estrutura praticamente finalizada e passa por um processo de deslizamento de concreto. Ela foi fixada nas rochas de basalto do morro que margeia o Rio Paraná e é onde todos os estaios serão ancorados para garantir estabilidade para a ponte. 
A estrutura terá ainda outros três pares de torres de concreto em cada lado do rio Paraná, além das torres principais de 190 metros. No lado brasileiro, dois pares estão em avançada fase de concretagem e o outro está praticamente finalizado. Todas essas estruturas são “grampeadas” sobre os morros.
O Paraguai iniciou neste mês as armações das bases das torres principais e a regularização do subleito para as demais estruturas. Mesmo com a diferença no avanço das obras nos dois países a expectativa é de finalizar até o fim do ano a parte mais robusta das fundações e do concreto para começar a instalação das vigas entre as estruturas. Elas estão sendo pré-montadas em Porto Alegre e serão transportadas de caminhão para Foz do Iguaçu, onde ocorrerão os últimos encaixes.

Os atrasos paraguaios envolveram questões aduaneiras. Como o consórcio é brasileiro (Construbase–Cidade–Paulitec), foi preciso criar uma normativa própria entre os dois países para permitir exportações de produtos e mão de obra para acesso exclusivo à margem paraguaia. Qualquer funcionário que se desloque entre os canteiros precisa apresentar documento para a Receita Federal dos dois países.

 Foto: José Fernando Ogura/AEN

 Foto: José Fernando Ogura/AEN

 Foto: José Fernando Ogura/AEN

 Foto: José Fernando Ogura/AEN
 Foto: José Fernando Ogura/AEN




Box 2

Ponte terá conexão com o Centro Integrado de Operações de Fronteira

A nova ponte será totalmente conectada ao Centro Integrado de Operações de Fronteira (CIOF), unidade formada por forças nacionais e estaduais que trabalham integradas em ações estratégicas. A sede é dentro do Parque Tecnológico de Itaipu (PTI). O centro atua prioritariamente em três frentes: operações ostensivas, auxílio das investigações e combate às facções criminosas.
A ideia do CIOF de Foz do Iguaçu, primeiro do País nesse modelo, foi reunir sob um mesmo teto representantes de várias agências encarregadas da aplicação da lei para trocar informações e investigações. A iniciativa é inspirada em uma experiência norte-americana chamada de Fusion Center, instalada após os ataques de 11 de setembro de 2001.

Box 3

Para economista, potencial comercial da Ponte da Integração é imenso

O economista Luciano Wexell Severo, professor do Instituto Latino-Americano de Economia, Sociedade e Política (ILAESP) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), explica que a nova ponte entre o Brasil e o Paraguai pode ajudar a estruturar novas políticas públicas no Cone Sul e ser preponderante na conexão bioceânica entre o Porto de Paranaguá e os portos do Norte do Chile, principalmente Antofagasta.

“Existe um esforço de investimentos em obras para transporte multimodal para o escoamento de produção e a articulação produtiva dessa região, que é uma área geograficamente e geopoliticamente muito importante para a América Latina, envolvendo Paraná, Mato Grosso do Sul, Paraguai, Bolívia e Argentina. Parcela considerável da exportação do Paraná tem a Ásia como destino, principalmente celulose, soja e carnes congeladas. Podemos baratear os custos de deslocamento”, afirma Severo.

Ele cita um estudo do Observatório de Integração Econômica da Unila que prevê que o corredor tem potencial de desenvolver novas cadeias produtivas ao longo do seu eixo, integrando melhor alguns setores da economia. “Apesar da distância entre Foz do Iguaçu e Paranaguá ser a metade da distância entre Foz do Iguaçu e Antofagasta, via Chile, haverá redução do tempo de transporte e dos custos logísticos. Dá para estimar uma economia de 20% do tempo entre Foz do Iguaçu e a Ásia e a Costa Oeste dos Estados Unidos e de 30% dos custos logísticos de alguns produtos”, acrescenta.

Outro aspecto positivo da nova ponte é o aumento da integração entre o Brasil e o Paraguai. A média da balança comercial entre os dois países é de cerca de US$ 4,5 bilhões nos últimos cinco anos e 90% desse comércio passa pela Ponte da Amizade. Ele cita que a economia paraguaia vem crescendo a uma taxa média de 4,5% nos últimos cinco anos, fruto da produção agrícola e do estímulo para estabelecimento de empresas.

"Nos próximos 10 ou 12 anos a expectativa é que o País cresça para usar 100% de sua parte da produção energética de Itaipu e Yacyretá (binacional entre o Paraguai e a Argentina)”, defende o economista. “Se o Brasil recuperar bom nível de crescimento, com articulação, o Paraná pode se transformar em um centro de produção e distribuição. Porque nossa economia ajuda a alavancar a latino-americana”.

Severo também aponta que a Ponte da Integração pode ser fundamental no novo xadrez político global do pós-pandemia, que ainda é incerto. Ele cita o exemplo de duas pontes com menos de 15 anos no Acre, conectando o estado a Peru e Bolívia, e como elas mudaram a dinâmica econômica local. A nova estrutura pode ajudar a lapidar novas formatações econômicas no Mercosul.

“O comércio naquela região era realizado via chalanas, embarcações primárias, e agora as exportações são pelas pontes. Todos os estados brasileiros têm como maiores parceiros a China e os EUA, mas isso não ocorre com o Acre. Isso acontece porque o estado se voltou para dentro da América. Antes as exportações aconteciam pelos portos de Santos, Manaus e Paranaguá, agora podem sair pelo Pacífico”, desenha o professor.

Ele cita inúmeras outras possibilidades de integração nas áreas de saúde, cultura, educação, emprego. “Pontes e estradas não são passageiras. As cidades estabelecem agendas comuns a partir delas. Podemos facultar acesso maior a paraguaios e vice-versa, aproximar produtores chilenos e argentinos, parar de comprar sal para o agronegócio em Mossoró (RN), a 3,7 mil quilômetros, e comprar aqui do lado. Em 2019, o Paraná importou mais de US$ 1,7 milhão de sal do Chile, via porto de Paranaguá”, arremata. “Além disso podemos utilizar mecanismos já previstos para não utilizar dólar nas transações comerciais latinoamericanas, as compensações. A crise pode nos obrigar a nos unirmos”.






Box 4
Foz tem programa com sete eixos de desenvolvimento

O Programa Acelera Foz, lançado no mês passado, reúne 40 iniciativas em sete eixos para que o município alcance e ultrapasse os patamares registrados pouco antes do início da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Os eixos são infraestrutura, divulgação, retomada econômica do turismo, empreendedorismo, inovação e atração de investimentos, apoio à produção e comercialização, e fomento de políticas públicas.

Apenas as obras prioritárias em infraestrutura somam cerca de R$ 900 milhões. São projetos já em execução – entre elas a segunda ponte e a ampliação da pista do aeroporto – e os novos empreendimentos da revitalização e duplicação da Rodovia das Cataratas, trincheira da Rua Teodoro Risden com a BR-277, revitalização do Espaço das Américas e um porto seco trimodal.

“Estamos trabalhando no pós-pandemia em parceria com diversas entidades para potencializar ações integradas. Foz do Iguaçu não pode ser apenas turismo contemplativo, aprendemos com a crise que essa matriz é frágil. Queremos dinamizar o ecossistema de inovação, diversificar a economia, trabalhar com startups e com planos integrados de marketing”, explica Mario Camargo, presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu (Codefoz).

Parte do plano de retomada econômica da cidade Codefoz, Itaipu Binacional, Parque Tecnológico Itaipu (PTI), Prefeitura de Foz do Iguaçu, Sebrae, Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu (ACIFI) e Conselho Municipal de Turismo (Comtur).

 Fonte: Agência Paraná de Notícias. 










 Foto: José Fernando Ogura/AEN



 Foto: José Fernando Ogura/AEN

 Foto: José Fernando Ogura/AEN







 Agência Estadual de Notícias do Estado do Paraná. Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura. 

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Especial Coronavírus | Episódio 5 - Cloroquina: remédio ou veneno?


Especial Coronavírus | Episódio 5 - Cloroquina: remédio ou Cloroquina?







https://youtu.be/3EtE9sFydNs

Não há provas de que Ivermectina possa curar Covid-19

Comprova, Jornalismo Colaborativo contra a Desinformação

05/06/2020

Não há prova de que Ivermectina cure covid-19, ao contrário do que diz médica



A ivermectina está registrada como medicamento contra infecções causadas por parasitas e todos os estudos sobre seu uso para tratamento da covid-19 estão ainda em estágio inicial. A Anvisa não reconhece o medicamento para o tratamento da doença

É enganoso o conteúdo de um vídeo que afirma que a covid-19 pode ser curada com a ivermectina, remédio usado para tratar parasitas. Em uma publicação no YouTube, no dia 20 de maio, a médica Lucy Kerr diz ter tratado 20 pacientes com ivermectina e afirma que o novo coronavírus “tem cura”. Todos os estudos sobre a ivermectina, porém, estão ainda em estágio inicial. A autoridade sanitária dos Estados Unidos, FDA, emitiu um alerta em relação ao uso de ivermectina por pessoas com covid-19. E, no Brasil, a Anvisa não reconhece o medicamento para o tratamento da doença.
Consultada, Lucy Kerr afirmou que a maioria dos pacientes que ela “curou” não fizeram teste de covid-19 nem o teste que verifica se o vírus não está mais no organismo. Disse que a comprovação da eficácia do remédio é observacional. Depois, por e-mail, afirmou que, embora os dados sejam observacionais, ela e médicos com quem conversa em um grupo de WhatsApp estão tendo “resultados de cura em tempo muito mais curto – 48 horas em média – do que seria a recuperação natural de covid-19”.
Catorze dias após a publicação do vídeo, o YouTube retirou-o do ar. A plataforma não comenta casos específicos, mas afirmou que “o YouTube tem políticas claras sobre o tipo de conteúdo que pode estar na plataforma e não permite vídeos que promovam desinformação sobre a covid-19”.
Após a retirada do vídeo do ar, a médica entrou em contato com o Comprova, reforçando “o potencial de cura da covid-19 [pela ivermectina]” e dizendo que os resultados “serão maravilhosos”.

Por que investigamos?

Vídeos e textos falando sobre curas milagrosas contra o novo coronavírus viralizam rapidamente nas redes sociais e colocam a população em perigo ao fazê-la acreditar em milagres. Neste vídeo, a médica diz que a “covid tem cura, nós podemos liquidar com essa moléstia em pouquíssimo tempo” – ou seja, está criando uma falsa sensação de esperança. No dia 1º de junho, a publicação, feita em 20 de maio, já tinha mais de 360 mil visualizações e cerca de 2 mil comentários. Muitos internautas estavam apoiando a médica. Um deles parabenizou Lucy Kerr “pela coragem de contradizer as mais ‘poderosas pessoas da ciência’, que tentam esconder remédios baratos que estão salvando vidas”.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Como verificamos?

Buscamos cadastros da médica nos sistemas do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), do Conselho Federal (CFM) e em sites como o do Currículo Lattes para confirmar sua identidade profissional. O Comprova ligou nos telefones informados no Portal Lucy Kerr, mas ninguém atendeu. Depois, telefonou para a Sociedade Brasileira de Ultrassonografia e conseguiu, com uma funcionária, o telefone da casa da médica. À tarde, o Comprova ligou para Lucy e conversou com ela por uma hora.
Paralelamente, o Comprova verificou a existência dos estudos sobre os quais a médica comenta no vídeo em sites de publicação científica e tentou localizar seus autores através de e-mails e de perfis em redes, como o LinkedIn e o Facebook.
Também procuramos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para saber se há algum protocolo ou orientação em relação ao uso da ivermectina para tratar pacientes com covid-19. Também buscamos o posicionamento da US Food and Drug Administration (FDA), a agência federal de vigilância sanitária dos Estados Unidos.
Por fim, ouvimos a opinião de dois infectologistas sobre o uso do medicamento e consultamos o Conselho Federal de Medicina.


Verificação

O medicamento

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a ivermectina está registrada como “medicamento contra infecções causadas por parasitas”.
A Food and Drug Administration (FDA), órgão de vigilância sanitária dos Estados Unidos, descreve a ivermectina como liberada para humanos no tratamento de vermes intestinais e, também, de parasitas tópicos como piolho e rosácea. Ela também é usada para o tratamento de vermes em diversas espécies de animais.
Segundo a FDA, possíveis efeitos colaterais incluem vômito, diarreia, dor estomacal, erupções cutâneas, eventos neurológicos (tais como convulsões, tontura e confusão), queda repentina da pressão arterial e danos ao fígado.

Lucy Kerr

Na entrevista feita por telefone, a médica disse que a maioria dos pacientes que “curou” não fez teste de covid-19, nem o teste que comprova que o novo coronavírus não está mais no organismo. Disse que a comprovação da eficácia do remédio é observacional. Depois, em e-mail, afirmou: “Embora todos os nossos dados pessoais e dos 570 médicos que eu administro em grupo de Whatsapp e Telegram sejam observacionais, estamos tendo resultados de cura em tempo muito mais curto — 48 horas em média, do que seria a recuperação natural do covid-19 .”
Após a retirada do vídeo do YouTube do ar, ela entrou em contato com o Comprova e mandou o texto que enviou à plataforma: “É vídeo educativo para médicos e pacientes sobre essa droga e seu potencial de cura da covid-19 e dou referências científicas no texto anexo ao vídeo. Não visa o lucro, presta serviço social, apresentando a possibilidade real de cura, inclusive para vocês, funcionários do youtube e seus parentes”.
No dia seguinte 4 de junho, mandou novo Whatsapp ao Comprova citando um estudo e dizendo: “Vamos aguardar os resultados — mas antecipo que serão maravilhosos por todos os casos de pacientes que eu tratei e relataram melhoras quase imediata após a ingestão da medicação. Estou agora guardando todos relatos dos pacientes que estão mencionando melhora rápida e efetiva dos sintomas covid-19”.

Efeito in vitro

O primeiro estudo sobre o uso do medicamento foi publicado no dia 03 de abril pela Universidade de Monash, que fica no sul da Austrália (print abaixo). Os pesquisadores conseguiram eliminar o vírus responsável pela covid-19, o SARS-CoV-2, em uma cultura de células in vitro 48 horas após aplicar a ivermectina. O próprio estudo ressalta, porém, que esse resultado inicial “não prova” o uso da droga para o tratamento da doença, ressaltando a necessidade de se realizarem estudos clínicos.
O artigo afirma claramente que “embora tenha mostrado efetividade no laboratório, a ivermectina não pode ser usada em humanos para tratar a covid-19 até que novos testes consigam estabelecer com exatidão a efetividade da droga e a dosagem segura para humanos”. Você pode conferir a íntegra do estudo aqui.

O Comprova procurou a Universidade de Monash para saber sobre novas fases da pesquisa. Por e-mail, o Departamento de Medicina, Enfermagem e Ciências da Saúde da instituição explicou que o estudo apenas mostrou que a ivermectina tem efeito em eliminar o vírus em laboratório. E foi taxativo: “a ivermectina não pode ser usada em pacientes com covid-19 até que outros testes e ensaios clínicos tenham sido conclusivos em estabelecer a eficácia do medicamento em níveis seguros para dosagem em humanos”.
Eles também informam que, recentemente, conseguiram financiamento para ensaios pré-clínicos em laboratório.

República Dominicana

No vídeo, a médica cita que a ivermectina passou a ser adotada por médicos em outros países após a publicação do estudo australiano. Ela cita José Natalio Redondo, que trabalharia no Centro Médico Doutor Bournigal, na República Dominicana, e Gustavo Aguirre Chang, que teria escrito um artigo sobre o uso do medicamento no Peru.
No Google Maps, nós conseguimos encontrar um registro do Centro Médico Doutor Bournigal. O mapa aponta para um endereço em Porto Prata, na República Dominicana.
Fizemos, então, uma busca online pelo médico José Natalio Redondo. A primeira coisa que achamos foi uma entrevista concedida à Acento TV, onde ele afirma ter tratado 500 pessoas com covid-19 usando a ivermectina. A Acento TV tem um site com domínio .do, que é o usado na República Dominicana. O site do canal diz que ele integra o pacote da Claro TV no país. Então, conseguimos confirmar a existência do canal no site da Claro TV na República Dominicana.
A partir daí, conseguimos encontrar um perfil com o nome do doutor José Natalio Redondo no Facebook. O perfil tem o mesmo nome, afirma trabalhar no mesmo centro médico e a foto é igual a do homem que deu entrevista para a Acento TV. Contatamos o perfil nos dias 2 e 3 de junho, mas não tivemos retorno até o publicação desta checagem.
Procurando pelo uso da ivermectina na República Dominicana, descobrimos que, no dia 13 de maio, a Sociedade Dominicana de Infectologia divulgou um comunicado expressando preocupação com a possibilidade de que a ivermectina seja adotada como medicação contra a covid-19 no país sem a devida comprovação de que a droga pode ser usada para tratar a doença. O comunicado pode ser encontrado na página deles no Facebook.
Embora o mesmo texto não apareça no site da entidade, a página aponta para o mesmo perfil do Facebook em que o comunicado foi postado. Além disso, a divulgação do texto foi notícia nos portais El Día e El Caribe, ambos com domínio da República Dominicana. No dia 19 de maio, a médica Rita Rojas, presidente da Sociedade Dominicana de Infectologia, deu uma entrevista para a Acento TV em que falou sobre o comunicado e sobre as preocupações com o uso da ivermectina para tratar dos pacientes com coronavírus no país.


Peru

No caso do Peru, o artigo citado por Lucy Kerr e escrito pelo médico Gustavo Aguirre Chang é, na verdade, uma revisão acadêmica sobre outros estudos que analisaram o uso da ivermectina no combate à covid-19; principalmente a pesquisa australiana e outra de que trataremos abaixo. O texto foi publicado no dia 2 de maio no site de uma empresa chamada Megalabs e a íntegra do artigo pode ser conferida aqui.
A Megalabs se apresenta em seu site como uma multinacional farmacêutica que atua em toda a América Latina, inclusive no Brasil. Ela comercializa um medicamento à base de ivermectina, o Securo.
No LinkedIn, achamos um perfil de um médico com o mesmo nome do autor do artigo. Na plataforma, ele se apresenta como gerente encarregado da Unidade de Saúde Ocupacional e Exames do Complejo Hospitalario San Pablo, em Lima, no Peru. Também conseguimos encontrar uma referência a essa unidade de saúde no Google Maps.
Em troca de mensagens pelo LinkedIn, o médico confirmou ser o autor do artigo publicado no site da Megalabs. Ele enviou ao Comprova informações sobre dosagem e sobre a evolução no número de óbitos da covid-19 no Peru após a adoção do medicamento. Não foi possível localizar esses dados em outros estudos já publicados.
Apesar de não conseguirmos comprovar se o Gustavo Chang conduziu um estudo clínico sobre o uso da ivermectina, nós sabemos que o Peru tem administrado o medicamento na pandemia. No dia 8 de maio, o Ministério da Saúde do país editou uma resolução autorizando o uso de ivermectina, hidroxicloroquina e azitromicina no tratamento de pacientes com covid-19. Pela resolução, a ivermectina pode ser aplicada tanto em casos leves quanto em casos graves da doença. Porém, o médico precisa avaliar a situação individual do paciente, obter o consentimento dele e fazer um monitoramento de possíveis efeitos colaterais.
Nos dias 26 e 29 de maio, o governo peruano enviou doses de ivermectina, junto de outros insumos, para locais que estão à frente do tratamento da covid-19. Em outra matéria, essa do dia 1º de junho, o ministro da Saúde do Peru, Víctor Zamora, afirma que o paracetamol e a hidroxicloroquina farão parte do tratamento padrão contra a covid-19 no país, e que a ivermectina será administrada em pacientes sintomáticos e vulneráveis.


Estudo clínico

O Comprova constatou a existência de ao menos um estudo clínico que testou a aplicação da ivermectina em pacientes com o novo coronavírus. A referência é citada no artigo de Gustavo Chang. O estudo é assinado por quatro pesquisadores baseados nos Estados Unidos e o autor principal é o médico Amit Patel, vinculado ao Departamento de Bioengenharia da Universidade de Utah. Esse estudo administrou a ivermectina em 704 pacientes com covid-19 (outros 704 pacientes foram selecionados como grupo de controle) em 169 hospitais na América do Norte, Europa e Ásia.
Os resultados mostram que, entre os pacientes que precisavam de ventilação mecânica, apenas 7,3% dos que tomaram ivermectina morreram (contra 21,3% no grupo de controle). Entre todos os pacientes, a taxa de óbito foi de 1,4% para os que tomaram ivermectina (contra 8,5% no grupo de controle).
A conclusão do estudo, ressalta, porém: “Embora relatemos um forte sinal potencial de benefício na covid-19, esses dados não devem ser considerados conclusivos, pois fatores de confusão desconhecidos nem sempre podem ser contabilizados de maneira confiável, mesmo quando técnicas de correspondência de propensão são empregadas no desenvolvimento de grupos de controle. Não há substituto para um ensaio clínico randomizado adequadamente conduzido.”
E complementa: “Estes achados requerem confirmação em ensaios clínicos randomizados.”
Por e-mail, Lucy Kerr enviou uma lista com 14 links de referências sobre a ivermectina. A maioria das referências apontam para o mesmo estudo da Austrália de que tratamos acima ou para matérias de sites que abordam os resultados dele. O único artigo com o qual ainda não havíamos nos deparado é o de um trio de pesquisadores que tentaram identificar qual seria a dose ideal para a administrar a ivermectina em humanos. Mas eles também não conduziram estudos clínicos sobre a droga.


O que dizem as autoridades?

Procurada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que a ivermectina “não está registrada contra essa doença, portanto não é reconhecida pela agência como eficaz contra ela” (print abaixo).
Além disso, no dia 10 de abril, a Food and Drug Administration (FDA), autoridade sanitária dos Estados Unidos, divulgou uma carta aberta em que alerta as pessoas a não usar remédios à base de ivermectina destinados a animais como tratamento contra a covid-19 (print abaixo). Segundo a FDA, as pessoas não devem tomar ivermectina para prevenir ou tratar a covid-19. Também não há nenhuma autorização da FDA para o uso emergencial da droga nos Estados Unidos em função da pandemia.
O site do National Center for Biotechnology Information, vinculado à US National Library of Medicine, afirma que a nota da FDA foi publicada porque o estudo da Austrália vinha sendo “difundido com grande interesse em sites voltados para médicos e veterinários”. O texto é assinado por Mike Bray, editor da Antiviral Research.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) não comenta casos específicos, mas afirmou ao Comprova que “não existem evidências robustas de alta qualidade que possibilitem a indicação de uma terapia farmacológica específica para a covid-19” e que “muitos medicamentos têm sido promissores em testes através de observação clínica, mas nenhum ainda foi aprovado em ensaios clínicos com desenho cientificamente adequado, não podendo, portanto, serem recomendados com segurança”. Acrescenta ainda que os médicos “devem observar o Código de Ética Médica”, segundo o qual devem evitar o sensacionalismo, entendido como “utilização da mídia, pelo médico, para divulgar métodos e meios que não tenham reconhecimento científico”.


Busca de consenso

Para o médico Demetrius Montenegro, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, referência para o tratamento de Covid-19 em Pernambuco, é errado tratar um medicamento que ainda está em fase de testes como a cura do vírus.
“Tem que se levar em conta que quando se tem a publicação de um trabalho mostrando um determinado efeito de uma droga sobre pacientes, ele pode não ser conclusivo. Fazer um teste clínico com 50 pessoas é uma coisa. Fazer um teste clínico com 7 mil ou 12 mil pessoas é outra bem diferente. E, às vezes, não dá para extrapolar um achado para a grande maioria dos pacientes. Por isso, inclusive, muitos desses artigos terminam citando a necessidade de mais testes. Então, dependendo do grau de complicação de um paciente, não se deve tomar condutas baseadas em uma publicação só. É preciso levar em consideração se há um consenso da comunidade médica”, explicou ao Comprova.
Ele lembra ainda que não há “remédio milagroso” para tratar a covid-19. E que é importante que os pacientes não tomem nada sem ouvir a orientação de um médico antes. “O paciente não deve nunca pensar que tomando essa medicação ele vai estar livre de contrair o vírus e de ter complicações. Nem que ele não precisa se prevenir”, alerta.


Retirada do vídeo do ar

No dia 2 de junho, o YouTube retirou o vídeo de Lucy Kerr do ar. Procurado, informou, por e-mail, que não comenta casos específicos e enviou a seguinte nota:
“O YouTube tem políticas claras sobre o tipo de conteúdo que pode estar na plataforma e não permite vídeos que promovam desinformação sobre o Covid-19. Desde o início de fevereiro, analisamos e removemos manualmente milhares de vídeos relacionados a afirmações perigosas ou enganosas sobre o vírus. É nossa prioridade fornecer informações aos usuários de maneira responsável, por isso continuaremos com a remoção rápida de vídeos que violem nossas políticas. Além disso, qualquer usuário que acredite ter encontrado um conteúdo no YouTube em desacordo com as diretrizes da nossa comunidade pode fazer uma denúncia e nossa equipe fará a análise do material.”
O Youtube também nos enviou um página com detalhes sobre a política de informações médicas incorretas relacionadas à covid-19, que lista os conteúdos que não são aceitos na plataforma.


Contexto

No momento em que cientistas do mundo inteiro se debruçam sobre possibilidades de cura da covid-19, algumas pessoas tentam se destacar usando informações enganosas sobre curas milagrosas, que atrapalham o processo.
O primeiro vídeo de Lucy, registrado na página “Lucy Kerr” no YouTube, há nove anos, tem 278 visualizações. O primeiro a ter mais de 1.000 visualizações é de seis anos atrás, um curso on-line de Elastografia (exame de fígado). Os vídeos mais assistidos são sobre câncer, mas, até janeiro de 2020, os números variavam de 149 a 19 mil views – a exceção foi um 15 de setembro de 2014, sobre “Inutilidade e malefícios da mamografia”, que teve 117 mil visualizações.
Neste ano, um vídeo de 10 de janeiro teve 464 visualizações até 2 de junho. O segundo de 2020, foi o que investigamos, “Ivermectina contra a Covid-19”. Postado em 20 de maio, teve quase 370 mil views. Sobre a covid-19, em 24 de maio, outro material foi postado, e visto por quase 108 mil pessoas. O título é “O que funciona e o que não funciona para tratar covid-19.” Este vídeo ainda está disponível na plataforma.


Alcance

A postagem original havia sido visualizada 369.126 vezes quando foi feito o último acompanhamento pelo Comprova, antes do vídeo ser apagado, na noite de 2 de junho. Havia 2.207 comentários, 21 mil curtidas e 342 “não curti”.
Através da busca de imagem reversa do Google, foi possível encontrar o vídeo replicado em outros três canais: aaanjr, Jornal Cidade e Chicote Neles. Juntos, eles registravam 19.589 visualizações até o dia 4 de junho.

Fonte: PROJETO COMPROVA (2020).
https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/nao-ha-prova-de-que-ivermectina-cure-covid-19-ao-contrario-do-que-diz-medica/