05/11/2010 - 19h37
Trem-bala trará avanços sociais e econômicos, avalia Ministério dos Transportes
Gorette Brandão
O Trem de Alta Velocidade (TAV) projetado para interligar as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo - estendendo-se até Campinas - representa uma solução de transporte de alta qualidade e confiabilidade, com potencial para produzir elevados benefícios sociais e econômicos para as populações dos dois estados. Em síntese, essas são as conclusões contidas em exposição de motivos produzida pelo Ministério dos Transportes (MT) para justificar a iniciativa da construção do chamado trem-bala, empreendimento com preço global orçado em R$ 34,6 bilhões, que pode ter sua execução iniciada a partir de 2011. 
Encaminhado  ao Senado a pedido do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o documento  procura esclarecer aspectos sobre o projeto do TAV trazidos à discussão  durante a campanha eleitoral, assim como questões levantadas em estudo  do consultor legislativo Marcos Mendes, do quadro do próprio Senado. O  ministério refuta, por exemplo, a afirmação do consultor de que os  estudos de viabilidade não justificam adequadamente a opção pelo TAV  como resposta para os congestionamentos e atuais baixas condições de  segurança nos aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) e também  nas ligações rodoviárias entre as duas capitais.
De  acordo com a exposição, as regiões metropolitanas do Rio e de São Paulo  reúnem as condições geográficas e econômicas ideais para um projeto  como o TAV, a começar pelo tamanho de suas populações - 19 milhões de  habitantes em São Paulo e 12 milhões no Rio. Além disso, as duas regiões  juntas representam mais de 40% do Produto Interno Bruto (PIB)  brasileiro. 
Os dois aspectos somados -  população e PIB - tornariam a ligação um caso clássico de adequação aos  trens de alta velocidade, comparável ao melhor exemplo de sucesso desse  tipo de empreendimento: a ligação Tóquio-Osaka, no Japão, que, no  entanto, contavam com menor número de habitantes do que as duas  metrópoles brasileiras quando houve a instalação do trem-bala. 
Poluição
O  ministério afirma que os estudos iniciais sobre o TAV consideraram  diversas opções de transporte para o corredor entre o Rio e São Paulo. O  diagnóstico é de que já é total utilização da capacidade da Rodovia  Presidente Dutra e das ligações de Campinas a São Paulo, com aumento  significativo no número de acidentes e da poluição atmosférica devido à  emissão de gases pelos veículos. Com a maior concentração populacional  ocorrida ao longo dos tempos e a conjugação das cidades em torno das  capitais, a tendência seria de aumento contínuo do tempo das viagens. 
De  acordo com o documento, as possibilidades de enfrentamento dos  problemas por meio de modais ferroviários e aéreos foram consideradas,  mas os estudos apontaram que a melhor opção seria de fato a ligação por  trem de alta velocidade. No caso de uma ligação ferroviária por trem de  média velocidade, a conclusão é de que o resultado em termos de custos  seria de aproximadamente 70% do planejado para o TAV. Porém, a avaliação  é de que a saturação dos serviços ocorreria em poucos anos - quanto  mais lenta for a viagem, menor será a frequência dos trens e o volume de  passageiros transportados. Já o TAV seria uma solução projetada para 40  anos. 
Custos
Quanto  aos custos projetados para o empreendimento (obras civis, material  rodante e outros sistemas), o documento sustenta que estão dentro dos  padrões de normalidade quando comparados aos de outros trens de alta  velocidade no mundo, sobretudo quando se leva em conta as condições do  traçado. O custo total de R$ 34,6 bilhões representaria um valor por  quilômetro de R$ 60 milhões, o equivalente a US$ 39,82 milhões (taxa de  câmbio de R$ 1,70 por dólar). .
Sem contar os  gastos socioambientais (R$ 3,9 milhões), seriam R$ 30,72 bilhões para  gastos com construções, material rodante e outros sistemas, o que  corresponderia a um valor em dólar de US$ 35,36 milhões por quilômetro.  De acordo com o estudo, esse seria um padrão normal comparado aos  valores referenciados na literatura técnica, que variam de R$ 35 a US$  70 milhões por quilômetro (exceto China, que detém custos mais baixos,  mas que não foram citados na exposição). 
Tarifas
Com  relação à tarifa, o ministério destaca que o valor-teto seria de R$  0,49 por quilômetros, valor máximo para o trecho Rio de Janeiro-São  Paulo. Desse modo, na hipótese de a licitação ser vencida por empresa  que tenha oferecido esse valor, o maior possível, um viajante que chegar  ao guichê dessa operadora com uma hora de antecedência vai pagar R$  199,00 para viajar entre as duas capitais, para fazer uma viagem de uma  hora e meia de duração. 
Ainda pelo exemplo, se o  mesmo passageiro recorresse ao transporte aéreo e chegasse ao Aeroporto  de Congonhas uma hora antes, comprando passagem pelo atual valor de  pico, poderia gastar até R$ 710,00. Além disso, destaca o ministério, o  passageiro teria ainda de despender mais tempo para o chek-in, decolagem, deslocamentos maiores entre cidades e aeroportos, sem contar eventuais atrasos.
Na  competição com os ônibus, serviço em que o foco principal do usuário é o  preço, conforme o documento, os consumidores são protegidos pela  regulação tarifária estadual. Desse modo, a empresa concessionária do  TAV terá obrigatoriamente que competir com esse modal, o que deverá  contribuir para que os preços sejam condizentes com a realidade  econômica das populações que utilizarem seus serviços, na visão do  Ministério dos Transportes. 
Encargos
O  documento contesta ainda a crítica de que o governo poderá ser chamado a  cobrir encargos com a amortização da futura dívida do concessionário,  pois seriam necessários ao menos 20 milhões de passageiros por ano  apenas para o pagamento dos custos operacionais (relacionados à operação  dos serviços) e os juros. Como o projeto demanda altos investimentos,  destaca o ministério, o esquema de financiamento está sendo montado de  forma que a maior parte do pagamento ocorra quando o empreendimento já  estiver gerando receitas suficientes para sua solvência financeira.
Para  o Ministério dos Transportes, a modelagem financeira assegura uma  "repartição justa" dos riscos do projeto entre o setor público e o  parceiro aprovado - que contará com financiamentos do Banco Nacional de  Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para implantar o TAV. Além  disso, ressalta o documento, o futuro concessionário está sendo exigido a  oferecer "eficiência na construção da obra e excelência na oferta dos  serviços de transporte". 
Benefícios
O  ministério destaca ainda que o TAV é complementar aos demais modais de  transporte, razão pela qual haverá demanda pela ampliação e  requalificação dos ramais metroviários e de toda a rede de transporte  urbano nas regiões metropolitanas. No caso do Rio, o documento afirma  que os planos de expansão da rede de metrôs e revitalização da região  portuária são convergentes com a implantação do TAV na estação Barão de  Mauá (Leopoldina). Em São Paulo, a conexão será por meio da estação  Campo de Marte.
A implantação do TAV deve também  estimular o desenvolvimento econômico ao longo do seu trajeto, conforme  observado em outros países - destacou o ministério. São esperados  igualmente ganhos econômicos e sociais com a geração de 12 mil empregos  diretos durante as obras e com o desenvolvimento da indústria nacional  de componentes ferroviários e outros itens necessários à implantação e  operação dos trens. Além disso, conforme o documento, o projeto prevê  tecnologia mais adequada do ponto de vista ambiental e menos sujeita a  fatalidades no tráfego, ao contrário do que ocorre com as rodovias.
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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Agência Senado
05/11/2010 - 19h41
Confira o trajeto planejado para o Trem de Alta Velocidade
O Trem de Alta Velocidade (TAV) ligará as cidades do Rio de Janeiro e de  São Paulo, com um trecho adicional até Campinas (SP), num percurso  total de 511 km. O TAV também deverá ter estações em cidades  intermediárias e nos aeroportos internacionais do Galeão, Guarulhos e  Viracopos. A previsão é de que o trem alcance velocidade máxima de 350  km/h e percorra o trajeto entre Rio e São Paulo em cerca de 1h30. A  passagem em classe econômica entre as duas capitais custará de R$ 149 a  R$ 199. 




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