sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O Brasil, a UNASUL e a estabilidade continental

InfoRel

27/08/2010

Brasil: país-chave para a estabilidade regional



Marcelo Rech


Na próxima semana, o presidente colombiano Juan Manuel Santos estará em Brasília para discutir com Lula, temas da agenda regional.

Santos deseja imprimir novo fôlego às relações da Colômbia com seus vizinhos.

Além disso, quer fazer bom uso da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) para que os interesses do país não sejam afetados.

Trata-se de uma mudança importante uma vez que o antecessor, Álvaro Uribe, sequer pretendia integrar o bloco.



A Colômbia, assim como o Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai e Suriname, não ratificou o Tratado Constitutivo da UNASUL.

Inicialmente, os colombianos entendiam o mecanismo como um foro para sustentar as estratégias de Chávez na América do Sul.

Santos percebeu que apesar da sua fragilidade institucional, a UNASUL ganhou força política ao aproximá-lo de Hugo Chávez.


Importante ressaltar que as Farc já se dirigiram à ONU e não tiveram respostas.


A OEA, até onde se sabe, sequer procuraram.


Agora, levam a estratégia de internacionalizar o conflito interno colombiano à UNASUL.


UNASUL que tem a simpatia de Chávez e é presidida pelo Equador de Rafael Correa.


Encurralada, a guerrilha sabe que Chávez já não pode fazer muito e tenta de todas as formas um “novo Caguán” quando tiveram condições para se rearmar, se reorganizar e jogar no lixo todas as conversas sobre paz.


Às Farc interessa que um mecanismo internacional engula sua retórica para que a Colômbia seja pressionada internacionalmente a negociar uma saída política para o conflito.


Daí a preocupação de Juan Manuel Santos.


Para que o mecanismo não seja dominado por aqueles que enxergam na Colômbia apenas uma aliada dos Estados Unidos, é preciso integrá-la de forma concreta.


Assim, a UNASUR passou de preterida por Uribe a prioridade para Santos.


Tanto que o presidente da Colômbia pretende propor que o bloco seja ampliado para toda a América Latina e Caribe.

O Brasil que não foi visitado por ele antes da posse, também é considerado um país-chave para a estabilidade regional.


Juan Manuel Santos sabe que Lula está de saída, mas também reconhece sua força junto àqueles que são mais belicosos.


Por outro lado, o Brasil tem força política e econômica para fazer seus vizinhos sentarem-se à mesa.


Ao Brasil, não interessa uma região instável e suscetível a crises periódicas.




Política Externa


Na semana passada, a chanceler colombiana María Ángela Holguín, compareceu ao Senado e confirmou que as prioridades da política exterior de Juan Manuel Santos são a retomada das relações com Equador e Venezuela, a cooperação com os Estados Unidos, inclusive e principalmente no combate ao narcotráfico e à insurgência, e a ampliação dos mercados para produtos nacionais.


Livrando-se do pesadelo representado pelas Farc, a Colômbia quer crescer e se desenvolver e para tanto, pretende consolidar os tratados de livre comércio com Estados Unidos, Canadá, México, Costa Rica, Peru e Bolívia.


Argentina, Paraguai e Uruguai, também serão alvo de missões empresariais e acordos comerciais.



Marcelo Rech é jornalista, editor do InfoRel e especialista em Estratégias e Políticas de Defesa e Terrorismo e Contra-insurgência. E-mail: inforel@inforel.org


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