Tiago Miranda
Representantes de diferentes órgãos do governo e da iniciativa
privada defenderam nesta quinta-feira a necessidade de valorização do
transporte aquaviário (barcos, navios e balsas) para o desenvolvimento
do País. O tema foi discutido no seminário
Desafios da Infraestrutura Portuária, promovido pela
Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura e pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
Reinaldo Ferrigno
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Leônidas Cristino: meios aquaviários representam hoje apenas 3% dos transportes |
Para o ministro da Secretaria de Portos da Presidência da República,
José Leônidas Cristino, é vital investir nos transportes hidroviários
para melhorar o sistema de transportes como um todo. “Hoje, os meios
aquaviários representam apenas 3% do total, não tem cabimento toda a
produção do Brasil ser transportada pelas rodovias”, ressaltou.
Cristino lembrou que, ao transferir as cargas – atualmente levadas
por caminhões – para navios cargueiros, será finalmente possível
recuperar o sistema rodoviário nacional. “As rodovias foram
dimensionadas para cargas de 20 tolenadas, mas agora já carregam 45
toneladas. Não há asfalto que resista”, disse. O ministro afirmou que o
governo pretende aumentar, até 2022, de 834 milhões para 1,7 bilhão o
total de toneladas de produtos administrados nos portos brasileiros.
Eclusas
O ministro dos Transportes, Paulo Passos, declarou que o Executivo tem
investido e demonstrado interesse no transporte hidroviário. Ele citou a
finalização das eclusas do rio Tucuruí (PA), depois de 30 anos do
início das obras, e da aplicação de recursos para transformar o rio
Tietê (SP) na principal hidrovia do interior paulista. “A atenção do
governo está voltada para que consigamos fazer com que o potencial da
extensão navegável dos nossos rios seja expandido.”
Reinaldo Ferrigno
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Edinho Bez cobrou mais verbas para a construção de eclusas.
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Segundo o coordenador de Portos e Vias Navegáveis da Frente
Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura, deputado Edinho Bez
(PMDB-SC), no entanto, é preciso investir mais na construção de eclusas.
“A falta de obras desse tipo dificulta o desenvolvimento do transporte
aquaviário”, comentou.
Já o diretor de Infraestrutura da Confederação Nacional da
Agricultura (CNA), José Torres de Melo, criticou o foco do governo no
uso dos rios apenas para geração de energia e não para navegação. “Não
podemos pensar só no nosso negócio quando se fala em interesse público e
nacional. O planejamento integrado dos rios é uma obrigação de Estado”,
argumentou.
Mudanças na gestão
Por sua vez, o diretor-geral da Antaq, Fernando Antonio Brito Fialho,
defendeu maior entrosamento entre os órgãos do setor hidroviário e a
iniciativa privada. “As autoridades portuárias têm de ter uma gestão
mais profissional, além de um arcabouço jurídico mais flexível”,
afirmou. Conforme Fialho, há interesse e “apetite” do mercado financeiro
para investir na infraestrutura nacional, mas o País precisa facilitar
esse investimento.