quarta-feira, 16 de junho de 2010

EUA anunciam descoberta de gigantescas reservas de cobre e lítio no Afeganistão


 Após quase uma década de ocupação militar, esta semana os Estados Unidos anunciaram a "descoberta" de grandes depósitos de minerais estratégicos no Afeganistão. Dentre as "descobertas" anunciadas estão vastas reservas de cobre e lítio, minerais estratégicos para as indústrias de materiais elétricos, indústrias de equipamentos eletroeletrônicos e de comunicação. O lítio, em especial, é um mineral absolutamente fundamental para o desenvolvimento atual de baterias elétricas, como a utilizadas nos celulares, aparelhos de MP3, notebooks e, mais recentemente, nos carros elétricos.



As maiores reservas atualmente conhecidas de Lítio localizam-se no altiplano boliviano. A Bolívia, juntamente com Chile e Peru, possuem algumas das maiores reservas de cobre do mundo. Como vem sendo muito bem defendido por Fernando Sebben, a região central da América do Sul, incluindo Bolívia e Peru, teria um grande potencial de desenvolvimento associado à indústria da "Era da Informação", caso estes recursos minerais fossem industrializados na região ao invés de exportados em estado bruto.

O potencial do lítio, neste caso sul-americano é gigantesco, e o Brasil poderia ser um importante protagonista neste tipo de projeto, caso ajudasse a financiar empresas de equipamentos eletro-eletrônicos nestes países, integradas às cadeias produtivas nacionais. Além de fortalecer o Mercosul e apoiar um novo ciclo de desenvolvimento nestes países, o Brasil poderia liderar um novo processo de desenvolvimento regional intrinsecamente ligado à Indústria da "Era da Informação".
 
Entretanto este não é um processo livre de possíveis percalços e desafios. Assim como é um potencial veículo de desenvolvimento e integração regional, a presença de ricas reservas de recursos minerais estratégicos também são uma potencial fonte de conflitos, separatismo, guerras civis e desintegração de Estados, principalmente em países que apresentam baixos índices de capacidade estatal.

No caso do Afeganistão a situação é ainda mais complicada. A existência de ricas reservas de minerais estratégicos no país é conhecida desde, pelo menos, os anos 1970. Entretanto, três décadas de guerras intermitentes inviabilizaram qualquer perspectiva de extração destes recursos, o que exige investimentos de longo prazo, portanto, estabilidade.

Embora ainda não seja possível vislumbrar o fim do conflito no Afeganistão, é bem provável que em breve o país assista uma explosão nos investimentos nas áreas ligadas à mineração destes recursos estratégicos, possivelemente associados aos gastos privados em segurança.

A seguir estou postando uma notícia a respeito desta questão que pode ajudar a esclarecer algumas questões sobre este tema tão complexo.




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Portal Exame


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14/06/2010

EUA revelam ricas reservas de cobre e lítio no Afeganistão

De acordo com geólogos americanos, quase US$ 1 tri de reservas mineiras ainda inexploradas se 
concentram no país

Waheedullah Massoud, 


Cabul - O Afeganistão possui quase um trilhão de dólares em reservas minerais ainda inexploradas, segundo um estudo de geólogos americanos, que incluem reservas de lítio tão importantes quanto as da Bolívia - entretanto, não se sabe se o devastado país, corroído pela corrupção, poderá gerir esta riqueza.

Estas informações foram reveladas em janeiro pelo presidente afegão Hamid Karzai, mas só agora foram confirmadas pelos geólogos americanos que encontraram essas reservas em 2004, segundo o jornal New York Times.

Segundo o jornal americano, a descoberta foi feita através de mapas geológicos dos anos 1980 elaborados por soviéticos e escondidos por geólogos afegãos durante a Guerra Civil (1992-1996) e o regime dos talibãs (1996-2001).

Estas reservas, que incluem ferro, ouro, nióbio e cobalto, seriam suficientes para fazer deste país devastado pela guerra um dos primeiros exportadores mundiais de minérios.

Só as reservas de lítio do Afeganistão seriam comparáveis às da Bolívia, país que tem as maiores reservas deste minério que é componente indispensável das baterias recarregáveis, usadas por celulares e computadores.

O Afeganistão poderá virar a "Arábia Saudita do lítio", segundo uma nota interna do Pentágono citada pelo jornal.

"Os recursos naturais do Afeganistão terão um papel determinante no desenvolvimento econômico do país", declarou à AFP Jawad Omar, porta-voz do ministério afegão de Minas e Indústria.

 Da mesma forma, as reservas de ferro e de cobre poderão fazer do Afeganistão - um dos países mais pobre do mundo - um dos principais exportadores mundiais desse minério.

"Há um potencial sensacional", declarou ao New York Times o general David Petraeus, chefe do Estado-maior das forças armadas americana.

A descoberta foi feita por uma pequena equipe de geólogos e dirigentes do Pentágono que utilizaram os mapas e os dados coletados pelos especialistas durante a ocupação desse país pela URSS nos anos 1980.

Os geólogos afegãos esconderam os mapas para protegê-los depois da retirada da URSS e eles permaneceram ocultos até a queda dos talibãs em 2001.

"Tínhamos os mapas, mas não foram explorados porque tivemos de 30 a 35 anos de guerra", explicou Ahmad Hujabre, engenheiro afegão que trabalhou no ministério de Minas nos anos 1970.

O Afeganistão poderá, no entanto, encontrar problemas para exportar esses minérios pela escassa rede de suas infraestruturas. Só uma rota importante une o Norte e o Sul do país e nela quase diariamente explodem minas de fabricação caseira.

"Duvido que o país seja capaz de gerir adequadamente estes recursos e ou utilizar estas riquezas para construir um Afeganistão mais pacífico e mais próspero", afirmou Janan Mosazai, um analista político.


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