27 de dezembro de 2010
Reconhecimento sul-americano da Palestina cria debate em Israel
Viviane Vaz, de Jerusalém
A pedra no sapato da direita israelense pode virar uma bola de neve. A decisão de mais um país sul-americano em reconhecer o estado Palestino evidenciou ontem as diferentes posições políticas que integram a coalizão de governo do premiê israelense Benjamin Netanyahu. Em resposta ao reconhecimento do Equador à Palestina, o ministro de Trabalho, Indústria e Comércio de Israel, Binyamin Ben-Eliezer, afirmou ontem que este ato dos governos sul-americanos deve se repetir em todo o mundo em 2011 e ser seguido até pelos Estados Unidos. Por outro lado, o vice-chanceler, Dani Ayalon, disse aos principais noticiários de TV que “ficaria muito surpreso que esta previsão (do ministro do Trabalho) ocorra”.
Na véspera de Natal, o presidente equatoriano, Rafael Correa, continuou a onda de reconhecimentos iniciada pelo Brasil e Argentina no início do mês e seguida pela Bolívia –que admitiu a existência do novo Estado em 22 de dezembro. “Não me surpreenderia que dentro de um ano o mundo inteiro apoie um estado palestino, inclusive os Estados Unidos. Depois nós perguntaremos onde estávamos e o que fizemos”, disse neste domingo Ben-Eliezer, do partido trabalhista,durante a reunião semanal do gabinete de ministros. Em Israel, o domingo inicia a semana e é um dia laboral.
“Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para conseguir um diálogo com os palestinos, mesmo que o preço seja o congelamento das construções por vários meses”, afirmou Ben Eliezer. O ministro do Trabalho também ressaltou que espera que o movimento Hamas “pare de atirar foguetes de Gaza”. “Não temos interesse em aumentar o conflito. Não temos outra alternativa que responder”, completou.
No sistema parlamentar israelense, as discrepâncias entre os ministros que formam a coalizão de governo são comuns. “Respeito muito o ministro do Trabalho, mas não estou de acordo com sua opinião”, disse Ayalon ao programa de atualidades London & Kirshenbaum. “Não acho que (a onda de reconhecimentos) vai acontecer — o status de Israel no mundo é muito forte ainda”, ressaltou o vice-chanceler, do partido de direita, Yisrael Beiteinu (“Israel é nosso lar”, em hebraico).
Ayalon ressaltou que os palestinos viajam ao Brasil, Argentina, Bolívia e Equador, mas não é lá que conseguirão acertar um acordo. “Em lugar de falar em Jerusalém ou Ramalah, vão à América do Sul e desse ponto não vão chegar à paz”, destacou Ayalon neste domingo. “Muitos países responsáveis entendem que a paz não vai do nada. Uma declaração virtual não vai mudar a realidade no terreno”, completou.
Em entrevista à Carta Capital há duas semanas, Ayalon considerou que os brasileiros caíram numa armadilha dos palestinos, ao reconhecer unilateralmente o novo Estado, e defendeu que a Autoridade Palestina negocie diretamente com Israel. O vice-chanceler concordou com o colega da pasta de Trabalho em único ponto: o reconhecimento da Palestina pelos países sul-americanos “é um desafio para a diplomacia israelense”.
Liga Árabe
No mesmo dia, o secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa, comemorou o gesto do Equador e o qualificou em comunicado oficial como um “passo positivo”. Moussa destacou que o reconhecimento dos países latino-americanos à Palestina dentro das fronteiras de 1967 dá peso às alternativas propostas pelos negociadores israelenses. Por outro lado, uma declaração de independência de maneira unilateral iria contra os Pactos de Oslo de 1993, no qual Israel e a Organização para Libertação da Palestina (OLP) concordaram que o Estado Palestino seria criado a partir das negociações entre as duas partes.
Durante as celebrações do Natal na cidade de Belém –território palestino da Cisjordânia, a Autoridade Palestina do presidente Mahmud Abbas tentou sinalizar ao mundo que possui o controle do território e estaria pronto para formar um Estado, apesar de Israel ainda controlar parte da Cisjordânia e o movimento Hamas estar no comando da Faixa de Gaza. Entre os convidados da missa na igreja da Natividade, houve grande presença de diplomatas de governos estrangeiros e funcionários da ONU. Os palestinos também comemoraram o número recorde de turistas em Belém nos últimos dez anos: cerca de 90 mil visitantes lotaram a cidade onde Jesus nasceu.
Fotos: Meninos palestinos jogam futebol na cidade de Belém (Palestina), enfeitada para o Natal (Viviane Vaz)
Fonte:
http://www.cartacapital.com.br/internacional/reconhecimento-sul-americano-da-palestina-cria-debate-em-israel
Em 2010 o Mercosul assinou um tratado de livre comércio com Israel e diversos países sul-americanos reconheceram a O Estado da Palestina com o território anterior à Guerra de 1967 |
O Unasul Morreu ,não haverá.
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